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O presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou em entrevista divulgada nesta terça-feira que nas últimas semanas pediu ao Brasil que "não venha colonizar" seu país, mas a associar-se a ele, como parte de um discurso integracionista dirigido também aos demais países da América do Sul.

"No caso do Brasil, expressamos bem nosso pensamento, a época dos ingleses ficou para trás. Se o objetivo é unificar, não venham colonizar, venham associar-se, buscar um aliado, mas não venham apropriar-se de tudo", declarou Mujica à revista "Políticas", uma nova publicação da Presidência uruguaia.

Conforme os responsáveis pela publicação "Políticas", o chefe de Estado respondeu à entrevista em setembro e recomendou ao país vizinho que procure outras formas de relação "porque a briga é quase de caráter continental".

A reflexão de Mujica ocorreu ao ser perguntado sobre a resposta da região à crise e aos indícios de protecionismo evidenciados em alguns países para enfrentar as dificuldades, um aspecto que desperta a inquietação do líder.

"Sim, é um assunto que preocupa a todos nós. Nós temos de brigar dentro do Mercosul para que o Uruguai e o Paraguai não sejam tratados como qualquer estado", criticou.

O líder defendeu o apoio "ao crescimento da unidade latino-americana" porque "os que estão envolvidos" nesse projeto "tem de se tratados um pouco melhor".

O Uruguai, um país que nos últimos anos viu aumentar notavelmente a entrada de capital e de turistas a partir do Brasil, queixou-se no fim de setembro em Brasília da alta de tributos à importação de veículos que afetou à indústria automotiva uruguaia.

A alta impositiva, de 30%, aplica-se aos veículos importados de fora do Mercosul e aos procedentes dos demais países do bloco comercial (Argentina, Paraguai e Uruguai) que não cumprirem uma série de requisitos.

Para evitar a alta, que será aplicada até 31 de dezembro de 2012, os produtores radicados em um país do Mercosul terão de utilizar o mínimo de 65% das peças produzidas no bloco, entre outras condições.

Graças às gestões do governo uruguaio, que enviou uma delegação a Brasília à época, Montevidéu conseguiu o compromisso do Brasil de revisar o caso.

Conforme a Presidência uruguaia, o Brasil levantou o impedimento imposto aos veículos procedentes do Uruguai.

Mujica partiu nesta terça-feira ao estado do Rio Grande do Sul com uma comitiva de ministros e empresários para aprofundar as relações econômicas do país com essa região do Brasil, onde ficará por dois dias.

Entre os setores na agenda da viagem estão energia, infraestrutura e questões comerciais.

Na capital Porto Alegre, Mujica será recebido pelo governador Tarso Genro e, posteriormente, vai à Assembleia Legislativa para assistir a um ato solene em sua homenagem.

Na quarta-feira, o presidente do Uruguai e sua comitiva reúnem-se com as autoridades da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).

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