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Dois soldados na cidade portuária de Kismayo, na Somália: panorama das forças está mudando, com ingresso de mulheres na carreira | Arquivo/Gazeta do Povo
Dois soldados na cidade portuária de Kismayo, na Somália: panorama das forças está mudando, com ingresso de mulheres na carreira| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

1.500 mulheres fazem parte do serviço militar somali, num universo de 20 mil soldados, de acordo com estimativas do país. Oficiais do Exército da Somália reportam que o número de recrutas mulheres aumentou depois que rebeldes extremistas deixaram a capital em 2011.

Com um rifle automático AK47 pendurado no ombro, Naeemo Abdi provoca as pessoas que entram em uma delegacia de polícia em Mogadiscio. Quando ela detém um homem que tentava cruzar a entrada sem ser revistado, ele olha feio para Naeemo Abdi e resmunga: "Mulher e soldado?" Ela não responde, mas direciona o homem para o posto de controle de segurança.

É raro ver uma mulher nas forças armadas na sociedade somali tradicionalmente conservadora, onde as tarefas femininas são geralmente limitadas ao cuidado da casa e a questões familiares. Mas Abdi e outras mulheres estão determinadas a quebrar essas barreiras. Cerca de 1.500 mulheres já estão no serviço militar entre os 20 mil soldados, de acordo com estimativas.

Com 25 anos de idade, a esguia Abdi explica que ela enfrentou muitos desafios para ingressar no Exército há dois anos. Ela saiu de um papel doméstico convencional, marcado pelas responsabilidade ser esposa e mãe de três filhos, para trabalhar no Exército porque gostava do prestígio. A moça diz que sofreu com a reação negativa de seu marido e da família, que pensou que ela seria rejeitada se decidisse se tornar um soldado. "Foi difícil, mas eu tenho de fazer isso para servir ao meu país sem reservas", afirma.

Seu trabalho como soldado recebe reações diversas de seus colegas somalis. Alguns aprovam, mas muitas mulheres acham que ela não deveria estar nas forças armadas. No trabalho, muitas vezes, elas usam uniformes com calças de camuflagem, botas e lenços azuis ou roxos brilhantes na cabeça sobrepostos por uma boina com insígnias das forças armadas. Em outros momentos, elas usam saias longas para respeitar os códigos de vestimentas islâmicos. Frequentemente, elas também carregam mochilas pesadas.

Oficiais do Exército somali reportam que o número de recrutas mulheres aumentou depois que rebeldes extremistas islâmicos do Al-Shabab deixaram a capital em 2011. A ordem está sendo restaurada lentamente na Somália após mais de 20 anos de caos e violência. Em grande parte, o Estado da Somália desmoronou após a queda do ditador Siad Barre em 1991, já que o país passou a ser comandado por clãs e, mais recentemente, por militantes islâmicos. Com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Africana, os militares somalis expulsaram os extremistas do Al-Shabab da capital.

Agora, o Exército controla Mogadiscio, a extensa capital litorânea que tem uma população estimada de até 3 milhões de habitantes. Os militares estão no comando também da maioria das outras cidades e grandes partes da zona rural. No entanto, os militantes ainda são uma ameaça, matando funcionários do governo, incluindo soldados. Para proteção, as mulheres do Exército somali escondem suas identidades fora do local de trabalho, cobrindo seus rostos e corpos com hijabs.

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