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O magnata Rupert Murdoch refutou nesta quarta-feira as acusações de que teria usado seu império midiático para manipular sucessivos líderes britânicos.

Murdoch, de 81 anos, prestou um aguardado depoimento na comissão de inquérito que investiga o comportamento da imprensa da Grã-Bretanha, e sua relação com os políticos.

O foco da investigação é a empresa News Corp., de Murdoch, proprietária do extinto tabloide News of the World, acusado de ter espionado as caixas postais telefônicas de centenas de pessoas.

Murdoch foi imediatamente questionado sobre suas relações com os políticos e com a elite britânica -a qual foi muitas vezes desprezada pelo empresário australiano por seu suposto caráter esnobe e ineficiente.

"Nunca pedi nada a um primeiro-ministro", disse ele, quando questionado sobre suas relações com a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, que está entre os líderes políticos preferidos de Murdoch.

"É apenas natural que políticos busquem editores e às vezes proprietários, se eles estiverem disponíveis, para explicar o que estão fazendo. Mas eu era apenas um entre muitos."

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, sob duras críticas por seus laços com Murdoch e diante de pedidos para demitir um ministro que tentou ajudar a News Corp numa importante negociação, disse numa sessão tensa do Parlamento nesta quarta-feira que políticos de todos os partidos tinham ligação com o magnata.

"Acredito que em todos os lados desta Casa se precisa colocar a mão no coração", disse ele sob vaias de parlamentares da oposição. "Todos nós tivemos contato com Rupert Murdoch."

Alguns esperavam um Murdoch agressivo em seu depoimentos, mas o empresário mostrou-se calmo e lacônico, e arrancou risos entre os cerca de 70 advogados, parentes e jornalistas presentes no plenário do tribunal gótico vitoriano, quando fez uma piada sobre um ex-premiê britânico que mentiu em juízo.

Em outro trecho, Murdoch disse que sua influência sobre seus jornais costuma ser superestimada. Ele tentou inclusive minimizar sua legendária reputação como o mais poderoso e ameaçador magnata mundial da imprensa.

"Tenho uma aura ou um carisma? Não acho", disse ele. Mas, comentando sua influência sobre o jornal The Sun, ele admitiu: "Sou uma pessoa curiosa, não sou bom em segurar a língua".

Também na quarta-feira, um assessor de Jeremy Hunt, secretário de Mídia e Cultura do governo, se demitiu após insinuações no inquérito de que o ministro teria ajudado a News Corp. em sua tentativa de adquirir por 12 bilhões de dólares as ações da operadora de TV BSkyB que ainda não estavam sob o controle de Murdoch.

A revelação contra Hunt foi feita por James Murdoch, filho do empresário, que depôs na véspera à comissão. A News Corp. alegou que seus contatos com Hunt foram estritamente legais.

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