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Mursi foi levado novamente à prisão após a suspensão do julgamento | REUTERS/Egypt Interior Ministry/Divulgação
Mursi foi levado novamente à prisão após a suspensão do julgamento| Foto: REUTERS/Egypt Interior Ministry/Divulgação

O Tribunal Penal do Cairo decidiu nesta segunda-feira (4) adiar até 8 de janeiro o julgamento de Mohamed Mursi, presidente deposto do Egito, que foi levado de helicóptero para a prisão - ainda não se sabe se para Burj al Arab, em Alexandria, ou para Tora, no Cairo - ao término da primeira audiência.

O juiz Ahmed Sabri, que preside a corte, anunciou a nova data depois de suspender por duas vezes a sessão por conta do alvoroço na sala e após os advogados da acusação pedirem mais tempo, de acordo com informações de um jornalista da Agência Efe que estava presente. O argumento era de que os relatórios sobre este caso, no qual também são julgados 14 dirigentes da Irmandade Muçulmana, chegaram há apenas dois dias.

Na primeira vez, a audiência foi suspensa pois Mursi se negava a trocar sua roupa pelo uniforme de acusado. Mursi acusou os militares de traição, os chamou de criminosos e afirmou que o processo é "uma farsa".

Tanto o presidente deposto como os demais acusados negaram os supostos envolvimentos na morte de manifestantes nos protestos nos arredores do palácio presidencial de Itihadiya em dezembro do ano passado.

Há informações contraditórias sobre a prisão em que ficará Mursi, que desde sua cassação pelos militares em julho deste ano se encontrava detido em um lugar não divulgado.

Inicialmente, a rede de televisão oficial do país informou que Mursi ficaria na prisão de Tora, como afirmou o tribunal, mas, pouco depois, foi revelado que o presídio escolhido era o de Burj al Arab, em Alexandria. Fontes consultadas pela Efe explicaram que Mursi está sendo levado para Burj al Arab e que as informações sobre Tora foram dadas para despistar os manifestantes e evitar incidentes.

Durante audiência realizada na Academia da Polícia, nos arredores do Cairo, os processados gritaram palavras de ordem contra os juízes e contra os militares, como "abaixo o regime militar".

"Sou Mohamed Mursi, presidente legítimo do Egito. O que ocorreu em 3 de julho foi um golpe de estado. Por isso, rejeito todas as acusações", disse, enquanto fazia o gesto símbolo dos protestos dos islamitas.

"Isso é uma forma de encobrir o golpe de estado", insistiu em várias ocasiões durante a audiência, se referindo ao processo.

Outros acusados, como o vice-presidente do Partido Liberdade e Justiça (PLJ) - braço político da Irmandade -, Essam al Arian, e o membro do executivo Mohamed Beltagy, fizeram o mesmo gesto e afirmaram que o julgamento é uma "vergonha".

Por sua vez, os contrários a Mursi e à Irmandade Muçulmana que estavam na audiência gritavam "o povo quer a execução" (do presidente deposto), em um ambiente muito tenso.

Mohamed Mursi não reconhece a autoridade do tribunal. Por esse motivo, sua assessoria jurídica assistiu a esta primeira audiência somente como observadora, não para defendê-lo.

Este processo gerou uma grande tensão no país, onde milhares de partidários da Irmandade Muçulmana saíram às ruas em manifestações.

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