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Aviões em cerimônia de formação de cadetes, assistida ontem pelo presidente Mursi | Reuters
Aviões em cerimônia de formação de cadetes, assistida ontem pelo presidente Mursi| Foto: Reuters

Revoltas

Em meio à crise, Hillary pede diálogo entre militares e civis egípcios

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu ontem um diálogo intensivo entre as autoridades militares e civis do Egito para preservar a transição política no país.

"Nós vimos nos últimos dias que há muito trabalho pela frente no Egito para manter a transição em curso", disse Hillary, em entrevista a jornalistas no Vietnã, parte de seu tour que faz pela Europa, Ásia e Oriente Médio.

"Nós pedimos fortemente um diálogo e um esforço da parte de todos para tentar lidar com os problemas que são compreensíveis, mas têm de ser resolvidos para evitar quaisquer dificuldades que podem desviar a transição", acrescentou.

Hillary disse que o diálogo deve ser feito "para garantir que há um caminho claro e que o povo egípcio conseguirá o que queriam quando protestaram e quando votaram". "É sobre criar um diálogo vibrante e político, ouvindo a sociedade civil, tendo boas relações entre civis e militares, nas quais cada um trabalha para servir os interesses dos cidadãos", completou a americana, que será a autoridade de mais alto escalão a visitar Mursi, no próximo dia 14.

A Suprema Corte Cons­­ti­­tu­­cional do Egito rejeitou ontem a decisão do presidente islamita, Mohamed Mursi, de convocar o Parlamento, alegando ser um "obstáculo" à execução de seu veredicto de dissolver a Câmara.

"[A convocação de Mursi] é um obstáculo que se impõe contra a execução do veredicto prévio da corte constitucional", diz o veredicto, divulgado pela imprensa estatal.

Mursi vive uma disputa de poder com a Suprema Corte e a Junta Militar do Egito des­­de que pediu, no último domingo, a restauração do Parlamento. A Câmara foi dis­­solvida no dia 14 de junho, ­­quando a Suprema Corte de­­terminou que sua formação,­­ com maioria das cadeiras controlada pela Irmandade Muçulmana de Mursi, não era válida.

Ontem, a Suprema Corte confirmou a decisão de dissolver o Parlamento. Já a junta militar disse "estar confiante de que todas as instituições do Estado respeitarão os decretos constitucionais." Mesmo assim, na manhã de ontem, os parlamentares realizaram uma sessão simbólica de cinco minutos.

Em declarações à corte ontem, o juiz Maher el-Beheiry determinou a revogação da decisão do presidente de reconvocar o Parlamento e estabeleceu o veredicto como final, não passível de apelação e que deve ser obedecido "por todas as autoridades do Estado e todo mundo".

No seu veredicto, a corte afirmou ainda que a decisão de 14 de junho declarou todo o Parlamento inválido porque a eleição legislativa foi feita com base em leis inconstitucionais.

Acrescentou ainda que o Parlamento é "não existente desde então, sem a necessidade de tomar nenhuma outra medida", o que torna ilegal e sem efeitos a sessão realizada ontem.

Disputa

País mais populoso do mundo árabe, com 80,4 milhões de habitantes, o Egito completa 17 meses da queda do ditador Hosni Mubarak mergulhado num vácuo legal, sem Constituição e com dois Legislativos.

Mursi foi o primeiro pre­­si­­dente eleito livremente­­ no Egito e assumiu com a tarefa de liderar a transição­­ à de­­­­­­mo­­cracia no país. Ele to­­mou­­­­­­ posse afirmando que­­ lu­­taria contra a dissolução do Parlamento, de maioria­­ is­­­­lamita, ordenada pela Jus­­­­ti­­­­ça na véspera da elei­­ção­­­­ pre­­­sidencial.

No coração da disputa está a nova Constituição. É ela que vai definir não só o caráter do Estado pós-Mubarak, mas o sistema de governo.

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