Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
áfrica

Mursi mantém 'superpoderes' após reunião com juízes

Ele já detinha o poder Executivo e também o Legislativo, já que a Assembleia foi dissolvida antes de sua eleição. Com o novo decreto, ele impede qualquer ação judicial contra decisões da presidência

Mursi, ao centro, se reúne com o Conselho Supremo de Justiça do Egito para tentar negociar um fim para a crise política no país | AFP
Mursi, ao centro, se reúne com o Conselho Supremo de Justiça do Egito para tentar negociar um fim para a crise política no país (Foto: AFP)
Manifestantes fizeram mais um dia de protesto no centro do Cairo contra os

1 de 1

Manifestantes fizeram mais um dia de protesto no centro do Cairo contra os

O presidente do Egito, Mohamed Mursi, manteve o polêmico decreto que amplia seus poderes, revelou nesta segunda-feira (26) um porta-voz da presidência, após a reunião do chefe de Estado com o Conselho Supremo de Justiça para tentar resolver a crise no país.

"Não há mudanças na declaração constitucional" realizada pelo presidente, disse o porta-voz Yaser Alí à imprensa, destacando que Mursi explicou aos juízes do Conselho Supremo que os poderes excepcionais "irrevogáveis" envolvem unicamente temas relacionados "a seus poderes soberanos" e são temporários.

Eleito como candidato da Irmandade Muçulmana em junho passado, o islamita Mursi já detinha o poder Executivo e também o Legislativo, já que a Assembleia foi dissolvida antes de sua eleição. Com o novo decreto, ele impede qualquer ação judicial contra as decisões da presidência.

Pequenos grupos de opositores de Mursi passaram novamente a noite na Praça Tahrir do Cairo, onde deste sexta-feira barracas são montadas.

"Proibido à Irmandade Muçulmana", a organização islamita da qual Mursi surgiu, proclamava um cartaz perto da praça, na entrada de uma rua onde nos últimos dias foram registrados confrontos entre policiais e manifestantes.

Para terça-feira foram convocadas manifestações. A oposição laica e liberal se reunirá na Praça Tahrir, local emblemático da revolta que provocou a queda do ex-presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

Os islamitas planejavam se reunir perto da Universidade do Cairo, no bairro de Guizeh, na outra margem do Nilo, mas a Irmandade Muçulmana anulou nesta segunda-feira esta contramanifestação.

"A manifestação foi cancelada para se evitar qualquer tipo de enfrentamento ou distúrbio", declarou à AFP Ahmed Sobei, do Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana.

A crise foi desencadeada pelo anúncio na quinta-feira de que Mursi se atribuía poderes reforçados, que, na prática, impedem qualquer ação perante a justiça contra suas decisões.

O presidente também concedeu a si mesmo o direito de tomar todas as decisões que considerar necessárias para "a defesa da revolução", uma formulação vaga que, segundo seus adversários, abre caminho para um desvio ditatorial.

Compromisso

Mursi também decidiu que a Alta Corte Constitucional já não poderá examinar os recursos contra a comissão responsável por redigir a futura Constituição, apresentados por muitos opositores que denunciam esta comissão, dominada pelos islamitas.

Esta decisão provocou muitas manifestações dos dois setores em todo o país, às vezes violentas. No domingo, um jovem islamita foi assassinado perante um escritório da Irmandade Muçulmana em Damanhur (delta do Nilo). Muitas sedes deste poderoso grupo também foram atacadas nos últimos dias.

Um dos defensores do setor laico e liberal, Mohamed Elbaradei, exigiu novamente nesta segunda-feira "a retirada pura e simples" destas medidas. "Estamos diante de um presidente que impôs uma ditadura", insistiu em entrevista concedida ao jornal independente al Masry al-Yum.

"Não me surpreenderia se o exército saísse novamente às ruas para impedir o caos e proteger a pátria", acrescentou, referindo-se ao fato de que os militares tomaram o poder após a queda de Mubarak, antes de devolvê-lo após a eleição a Mursi.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.