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Durante a campanha que a levou ao poder em 2011, Yingluck Shinawatra visitava as regiões rurais da Tailândia munida de seu melhor sorriso e do tom maternal de uma mulher que se diz "uma criança do interior". "Vocês têm dinheiro suficiente, meus irmãos e irmãs?", perguntava a anciãos. "Você está tendo dificuldade para sobreviver?", questionava outros. "Os últimos anos te deixaram infeliz?".

A conquista da admiração dos mais pobres tornou-se uma marca registrada da primeira-ministra da Tailândia. E também um contraste com essa ex-executiva de 46 anos, dona de uma fortuna declarada de cerca de US$ 17 milhões, seis carros de luxo na garagem de sua mansão e joias estimadas em pelo menos US$ 1,4 milhão.

Mesmo contestada nas últimas semanas em violentos protestos nas ruas, Yingluck garante não renunciará ao cargo. Ela fez um caminho pouco convencional na política tailandesa - à sombra do irmão mais velho, o ex-premier Thaksin Shinawatra, acusado de corrupção e deposto num golpe militar em 2006. Filha mais nova de nove irmãos, formada em Ciência Política e pós-graduada em Administração de Empresas, Yingluck fez fortuna no mundo empresarial, tendo trabalhado numa empresa familiar no setor imobiliário e, depois, chegado a presidente da Advanced Info Service (AIS), a principal operadora de celulares do país, fundada pelo irmão dela.

Seis bolsas da grife Hermès

Até a candidatura em 2011 pelo partido Pheu Thai, Yingluck nunca tinha pensado na política. A possibilidade de ter uma mulher pela primeira vez no posto de primeiro-ministro da Tailândia embalou a campanha e lhe rendeu a vitória com 48% dos votos. Mas não sem críticas. A falta de experiência política sempre foi alvo da contestação de opositores, que viam nela apenas um instrumento que acabaria permitindo a volta do irmão deposto, hoje exilado.

Ela diz que governa para o povo e que é capaz de fazer qualquer coisa por ele. Mas nada disso bastou para conter a fúria da oposição, há dias nas ruas em manifestações pela renúncia de Yingluck. Os protestos são liderados pelo chamado Movimento Civil pela Democracia. O bloco, apoiado pela classe média, pretende instaurar um Conselho do Povo, para assumir o governo do país. O movimento acusa a primeira-ministra de ser controlada pelo irmão, o bilionário Thanksin Shinawatra.

A tensão teve início quando a Câmara aprovou, no mês passado, uma lei de anistia que a oposição alega ter sido elaborada propositalmente para permitir o regresso dele à Tailândia - e ao poder.

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