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A pouco menos de um mês da eleição parlamentar de 6 de dezembro, a TV estatal da Venezuela lançou um programa semanal que promete demonstrar com argumentos supostamente científicos que a oposição padece de problemas psiquiátricos.

“A Política no Divã” é apresentado por Jorge Rodríguez, chefe da campanha do chavista Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) e médico psiquiatra de formação.

Em sua terceira edição, na noite da última quinta-feira (29), Rodríguez citou Freud e a teoria psicanalítica para explicar que os líderes opositores buscam atiçar o “princípio de morte e de destruição existente no ser humano”.

Para reforçar essa tese, o programa divulgou vídeo editado com imagens de manifestações opositoras em que militantes aparecem gritando impropérios e até pedindo a morte dos líderes chavistas. A gravação também mostrou imagens com forte teor de violência mostrando supostos simpatizantes chavistas sendo agredidos a socos e pontapés por opositores.

Rodríguez, que é prefeito de Libertador - maior município da Grande Caracas - e irmão da chanceler Delcy Rodríguez, fez um paralelo com o massacre dos tutsis por membros da etnia rival hutu em Ruanda, em 1994, dizendo que a violência em larga escala é sempre “causada pela mídia”.

“Estas pessoas são movidas pelo ódio, são psicóticos sociopatas [...] que sofrem de transtorno de afeto”, disse Rodríguez, com um valioso relógio Apple no pulso e falando em tom professoral.

No programa da semana anterior, Rodríguez havia explicado como, segundo ele, a oposição estimula o retorno do cérebro a um estado primitivo.

Aceno radical

O programa, cujo lançamento havia sido anunciado em junho pelo presidente Nicolás Maduro, é um aceno em direção aos setores mais radicais do chavismo, segundo o analista Oswaldo Ramírez, da ORC Consultores.

“Num momento em que todas as pesquisas indicam que o chavismo não passa de 20% do voto popular, o governo precisa assegurar que este número não vai baixar ainda mais até a eleição”, disse à reportagem.

O analista também enxerga no programa uma movimentação que reflete disputas entre facções internas no chavismo.

Rodríguez estaria buscando aumentar sua visibilidade ao seguir os passos de outras figuras governistas que possuem espaço fixo na TV, como o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, a primeira-dama, Cilia Flores, e o governador do Estado de Aragua, Tarek El Aissami, além do próprio presidente Maduro.

“Haverá eleição presidencial em 2018 e talvez um referendo revogatório no ano que vem. Então, todos querem estar no top 5”, diz Ramírez.

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