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Cerca de 750 mil pessoas compareceram no Memorial Lincoln para um show em homenagem à posse de Obama, que ocorre amanhã | Robyn Beck/AFP
Cerca de 750 mil pessoas compareceram no Memorial Lincoln para um show em homenagem à posse de Obama, que ocorre amanhã| Foto: Robyn Beck/AFP

Curiosidade

Por trás dos rituais solenes, a longa história dos dias de posse dos presidente americanos é repleta de fatos curiosos, frases célebres e até decisões que levaram à morte de um presidente:

Fuga ao protocolo

Ocorreu logo na primeira posse, em 1789. Depois de ler o juramento, respeitando a a determinação da Constituição, George Washington acrescentou: "Que Deus me ajude", e beijou a Bíblia que levara.

Lincoln

As duas posses de Abraham Lincoln marcaram a história. Na primeira, em 1861 (cuja Bíblia Obama utilizará), o presidente foi escoltado pela cavalaria armada. Dias antes, estados do Sul haviam declarado a secessão. Na sua posse seguinte, nos dias finais da Guerra Civil Americana, em 1865, a parada de posse teve, pela primeira vez, a presença de negros. Foi deste discurso uma das frases mais famosas da política dos EUA: "Sem rancor contra ninguém, com caridade para todos, vamos curar as feridas do país."

Presidente "John Finley"

A posse de John Kennedy é lembrada pela festa popular e pela frase "não perguntem o que seu país pode fazer por vocês, perguntem o que vocês podem fazer por seu país". Mas, antes do discurso, houve um momento constrangedor. Robert Frost, de 86 anos, que leria um poema não conseguiu enxergá-lo devido ao sol. Acabou recitando outro, que sabia de cor, não sem antes dedicá-lo ao "presidente John Finley".

Confusões na Festa

Ao tomar posse, em 1829, Andrew Jackson decidiu abrir as portas da Casa Branca para a população. Milhares de pessoas entraram no lugar, móveis e quadros foram danificados e Jackson se viu imprensado por populares. Em 1873, Ulysses Grant decidiu manter o baile, apesar do frio de 9 graus negativos. Convidados dançaram com pesados casacos e cordas de violinos arrebentaram.

Washington - Washington para hoje pelo Dia de Martin Luther King, um dos três feriados nacionais americanos em homenagem a uma pessoa – os outros são por George Washington e Cristóvão Colombo. Barack Obama prestará seus respeitos ao líder negro que abriu caminho para sua eleição fazendo serviços comunitários pela manhã.

O principal evento do presidente eleito, no entanto, ocorre à noite. É quando ele comparece a três "jantares bipartidários’’. Um deles é em homenagem a Colin Powell, que foi do alto escalão dos governos dos republicanos Ronald Reagan e Bush pai e filho e que no final de 2008 apoiou o então candidato democrata. Outro é em torno de John McCain, que até semanas atrás bombardeava Obama em rede nacional.

Ontem, com público estimado em 750 mil pessoas, que aglutinadas disfarçavam o frio perto de 0ºC durante à tarde em Washington, um show com nomes de primeiro time celebrou Obama e ratificou mais uma vez a euforia popular com a qual ele assume amanhã a Casa Branca. No show no Memorial Lincoln – que contou com estrelas como Bono, Beyoncé e Garth Brooks –, a família presidencial ficava no palco protegida por um aquário blindado. "Se nós pudermos reconhecer um nos outros e nos unirmos, não apenas recuperaremos a esperança e a possibilidade em lugares em que ela é esperada, mas também, quem sabe, melhoraremos nosso país", disse Obama na abertura do show.

Apoio conservador

O democrata chega ao poder amparado por uma maioria confortável de seu partido na Câmara dos Representantes (deputados federais), mas uma maioria mais apertada no Senado, que por apenas uma cadeira não chegou ao limite à prova de obstrução da oposição republicana, de 60 votos entre os 100.

Ele sabe que para implantar sua agenda ousada de mudanças na rede social do país e aprovar pacotes econômicos de valores cada vez maiores dependerá da boa vontade dessa Casa do Congresso. Não será fácil. Obama planejava assinar a medida que possibilita seu plano já na manhã de amanhã. Não conseguiu. Numa primeira demonstração de força, membros do partido de oposição embolaram a discussão do plano, e uma previsão otimista vê a aprovação apenas no meio de fevereiro. Desde então, o democrata passou a cortejar abertamente os republicanos.

Na semana passada, passou horas em encontro a dois no gabinete de McCain no Senado. Dias antes, participou de jantar na casa do jornalista George F. Will, do Washington Post, com os principais representantes do colunismo conservador do país na qual os convidados degustaram costeletas de cordeiro e beberam vinho.

Dela participaram de Paul Gigot, implacável crítico obamista da página de editoriais do Wall Street Journal, a Bill Kristol, que em uma de suas últimas colunas no New York Times antes da eleição em novembro sugeriu a McCain que fosse para o vale-tudo, reavivando o elo do rival com o polêmico pastor Jeremiah Wright.

Na saída, segundo relatos de participantes do encontro, Obama havia conquistado a plateia. Charles Krauthammer, que escreve para a revista Time’ e aparece no canal Fox News, disse: "Eu queria ter 1% da autoconfiança dele’’.

Na surdina

O encontro com McCain, o jantar com os colunistas e os eventos de hoje à noite são os mais vistosos. Segundo assessores obamistas, no entanto, a corte de Obama aos conservadores é mais ampla e frequente e envolve reuniões a dois não divulgadas à imprensa, telefonemas a lideranças republicanas e trocas de e-mails com lideranças republicanas.

Obama não quer repetir o erro de seus dois antecessores de partido, Bill Clinton (1993-2001) e Jimmy Carter (1977-1981). O primeiro, depois de uma série de iniciativas legislativas desastradas, ajudou os democratas a perder o controle do Congresso pela primeira vez em quatro décadas.

Já Carter teve uma relação tumultuada com o Legislativo, que também era de maioria democrata nas duas Casas, mas ao qual ele alienou como tentativas públicas de conter emendas parlamentares desnecessárias e denunciar projetos inchados.

Além disso, o presidente eleito se mostra preocupado com a base eleitoral conservadora, não só com seus legisladores. Além de ter convidado dois republicanos para seu gabinete – o secretário da Defesa, Robert Gates, e o dos Transportes, Ray LaHood –, terá o pastor evangélico Rick Warren falando em sua posse.

Parece estar funcionando. "Terminada a campanha, você precisa de consenso para governar, e eu acho que ele entende isso’’, disse Lindsey Graham, crítico frequente de Obama na campanha. Melhor amigo de McCain, o senador fará a apresentação do jantar de hoje.

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