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Uma onda de protestos anti-Assad aconteceu neste fim de semana em vários lugares do mundo. No Bahrein, rapaz carrega cartaz denunciando mais de 50 assassinatos de crianças sírias | Hamad I Mohammed/Reuters
Uma onda de protestos anti-Assad aconteceu neste fim de semana em vários lugares do mundo. No Bahrein, rapaz carrega cartaz denunciando mais de 50 assassinatos de crianças sírias| Foto: Hamad I Mohammed/Reuters

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13 mil pessoas morreram violentamente desde o início da revolta contra o regime Sírio; a maioria civis.

Massacre provoca reação internacional

A comunidade internacio­­nal condenou de forma unânime o massacre de Hula, ocorrido na sexta-feira. Lon­­dres pediu "uma resposta internacional firme", enquanto o Kuwait, presidente atual da Liga Árabe, quer convocar uma reunião de urgên­­cia do bloco para acabar com a "opressão do povo sírio". A ONU considerou a tragédia de Hula uma violação "espantosa e terrível" do direito internacional e dos "compromissos do governo sírio de parar de recorrer a armas pesadas". A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, condenou o "atroz" massacre e afirmou que o reinado "dos crimes e do medo deve terminar". O Fundo das­­ Nações Unidas para a Infân­­cia (Unicef) assegurou que o massacre mostra a urgência de "encontrar uma solução para o conflito" e afirma que a situação não pode permanecer sem castigo.

Segundo o The New York Times de ontem, os Estados Unidos planejam se aliar à Rússia para produzir um plano de saída para a crise da Síria. De acordo com o jornal, Washington quer propor um plano de transição similar ao que propiciou em fevereiro a saída do presidente iemenita Ali Abdullah Saleh do poder após 33 anos no comando do país.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou ontem, "nos termos mais firmes", o governo sírio pelo massacre de Hula, no qual morreram 108 pessoas e outras 300 ficaram feridas. Os 15 membros do Conselho de Segurança, incluindo a Rússia, destacaram que os ataques "usaram disparos de artilharia e tanques do governo contra um bairro residencial", e pediram ao presidente sírio, Bashar al Assad, a retirada do armamento pesado das cidades sírias. "Os membros do Conselho de Segurança reafirmaram que qualquer tipo de violência, proveniente de qualquer das partes, deve cessar. Os responsáveis pelos atos de violência prestarão contas".

A Rússia questionava a­­ responsabilidade de Da­­mas­­co no massacre e exigiu­­ que o Conselho ouvisse o che­­fe dos observadores das Nações Unidas na Síria, general Robert Mood, que revelou que as mortes em Hula foram provocadas por estilhaços e tiros a queima-roupa. Segundo os observadores da ONU na Síria, entre os 108 mortos em Hula há 32 crianças com menos de 10 anos. O porta-voz do ministério sírio das Relações Exteriores, Jihad Makdissi, negou "totalmente qualquer responsabilidade do governo neste massacre terrorista". O emissário internacional Kofi Annan chegará à Síria hoje em uma tentativa desesperada de salvar seu plano de paz, que previa uma trégua que entrou em vigor no dia 12 de abril, mas que não foi respeitada.

Para o Exército Sírio Livre (ESL), composto essencialmente por desetores, "a menos que o Conselho de Segurança da ONU tome decisões urgentemente para proteger os civis, o plano de Annan vai para o inferno". Por sua vez, o líder opositor Burhan Ghaliun convocou ontem o povo a travar uma "batalha de libertação" contra o regime de Assad até que a ONU decida agir "sob o capítulo 7", que permite uma intervenção militar. Em Hula, os habitantes culparam a ONU pelo massacre e criticaram os observadores que se aproximaram do local da tragédia, segundo vídeos divulgados na internet. "Havia crianças de menos de 8 meses! O que fizeram? Carregavam, por acaso, lança-foguetes?", gritava um homem a um observador, visivelmente emocionado. Outro vídeo mostrava uma fossa comum na qual foram colocados dezenas de cadáveres envolvidos em lençóis brancos, alguns manchados de sangue. "Matam-nos e o mundo segue de braços cruzados. Vão ao diabo com seu plano", gritava um homem em outro vídeo divulgado na internet.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu seus observadores no terreno, afirmando que "enfrentam críticas por não deterem a violência e, em alguns bairros, são até acusados pelo aumento da mesma (...) mas existe a ideia equivocada, difícil de corrigir, sobre o papel de observadores militares desarmados, do que podem ou não fazer". A ONU tem mais de 280 observadores na Síria, que monitoram o cessar-fogo iniciado oficialmente em 12 de abril, mas não adotado na prática.

Ontem foram registrados violentos combates na cidade de Hama, no centro do país, que teriam deixado 11 mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres. Segundo a ONG, mais de 13 mil pessoas, a maioria civis, morreram violentamente desde o início da revolta contra o regime de Assad.

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