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O presidente do Equador, Rafael Correa, culpou os que chamou de "criminosos infiltrados na polícia" pelo levante policial que mergulhou o país em um estado de exceção e deixou o presidente quase dez horas sitiado no hospital da polícia, na quinta-feira (30).

As declarações foram feitas em discurso televisionado de mais de duas horas.

"Não vamos permitir que na América Latina aconteça outra Honduras, não vamos deixar nunca", disse Correa referindo-se ao golpe que destituiu o presidente do país da América Central, Manuel Zelaya, em 2009.

"Que passava pelo coração e a mente de um bando de sem escrúpulos que agrediram o presidente, seqüestraram o presidente, não o deixavam sair do hospital policial? Olhemos adiante sem esquecer o passado. Aqui não pode haver perdão envolvido, isso se chama impunidade. Se investigará quem foram os mal elementos da polícia, provavelmente manipulados por dirigentes políticos, temos provas", afirmou a um grupo de ministros e partidários no Palácio Carondelet, sede do governo.

Ao modelo dos programas policiais, inserções de imagens do dia dos protestos mostravam o rosto de supostos dirigentes de partidos rivais em meio à multidão que, segundo o presidente, teriam incitado parte da polícia.

Na sexta-feira à noite, quando recebeu os chanceleres da Unasul, Correa já havia classificados os responsáveis pelo levante de "criminosos" e "potenciais grupos paramilitares". Imagens do encontro, com a fala dos representantes de cada país, foram reprisadas.

Ao iniciar o novo discurso neste sábado, o presidente pediu um minuto de silêncio pelos quatro mortos e dezenas de feridos no confronto. Citou nominalmente cada um dos quatro mortos, incluindo um estudante de 24 anos, Juán Pablo Bolaños Fernandéz, atingido por uma bala.

"Não ficar sozinhos, em absoluto, os filhos, os familiares. Não podemos ressuscitar os falecidos, mas vamos dar toda a solidariedade e acompanhamento que possamos a suas famílias", disse.

Além dos "heróicos policiais" que realizaram seu resgate do hospital policial, o presidente equatoriano também agradeceu a membros do governo e à imprensa. "Voces são trabalhadores da comunicação. Outra coisa são as empresas, com fins de lucro da comunicação, outra são vocês, que arriscam suas vidas, como mostraram."

O grupo de editores de jornais equatorianos divulgou comunicado na sexta em que criticava a cadeia nacional de rádio e TV ininterrupta convocada pelo governo no dia dos protestos. Um estúdio de TV foi invadido por manifestantes.

Correa voltou a defender a Lei dos Serviços Públicos, cuja proposta de mudança na carreira policial, retirando alguns benefícios, provocou o levante. "A lei é muito boa, mas mesmo que não fosse, teríamos direito de errar. Como se corrige democracia? Com meios pacíficos e barrando nas urnas aqueles que governam mal. Mas não usando as armas feitas pra proteger a sociedade."

Durante seu discurso, o presidente também exibiu gráficos que mostravam incrementos nos salários dos policiais desde que assumiu o governo e investimentos na corporação.

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