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Inédito

Rahul Gandhi se diz responsável pela derrota

O líder de campanha do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, assumiu ontem a responsabilidade pela derrota no pleito da Índia. Foi o pior resultado do partido em eleições gerais.

"O Congresso se saiu muito mal e, como vice-presidente do partido, assumo minha responsabilidade", disse Rahul Gandhi em entrevista coletiva na sede do partido, em Nova Délhi.

A mãe de Rahul e presidente do partido, Sonia Gandhi, desejou ao novo governo que "não comprometa a unidade do país", ao mesmo tempo em que aceitou a derrota "com humildade".

"Não recebemos o apoio que esperávamos e respeitamos a decisão" dos eleitores, disse.

NaMo

Partidários de Narendra Modi decidiram apelidá-lo com um acrônimo, NaMo. Usando as redes sociais na internet, como o Facebook e o Twitter, ele conseguiu divulgar seus feitos administrativos no estado de Gurajat, um dos mais prósperos da Índia. NaMo chegou a usar tecnologia para falar a multidões em várias partes do país, simultaneamente.

18 anos tinha Narendra Modi quando se casou com uma jovem de um povoado próximo do seu, conforme o costume indiano que dá aos pais o poder de acertar as bodas dos filhos sem consultá-los. O episódio era obscuro e veio à tona durante a campanha eleitoral. Modi deixou o casamento três anos depois e desde então vive uma vida monástica. Ele tem hoje 63 anos.

O partido do nacionalista hindu Narendra Modi conseguiu ontem uma vitória retumbante na eleição da Índia, arrasando a dinastia governante Nehru-Gandhi.

O partido Bharatiya Ja­­nata (BJP, na sigla em hindi) deve ganhar 281 assentos dos 543 da Lok Sabha, equivalente à câmara de deputados da Índia. Isso significa que eles podem formar o governo mesmo sem apoio de nenhum aliado. É a primeira vez em 30 anos que um partido sozinho obtém a maioria, podendo controlar a escolha do primeiro-mi­nistro.

A coalizão liderada pelo BJP, a Aliança De­­mocrática Nacional (NDA), deve ganhar mais de 330 assentos.

O triunfo de Modi foi bem recebido nos mercados de ações do país e houve comemorações entusiasmadas nos escritórios do BJP. Multidões dançaram, soltaram fogos de artifício e ofereceram doces.

Falando a um mar de pes­­soas vestidas com tons ala­­ranjados do partido, Mo­­di agradeceu aos eleitores e abordou os temores de que poderia ignorar as minorias e favorecer os hindus.

"A era das divisões políticas terminou, de hoje em diante começa a política de união das pessoas", declarou Modi. "Queremos mais força para o bem-estar do país... Vejo uma Índia gloriosa e próspera".

O Partido do Con­­gres­­so, de Singh, sofreu sua pior derrota nas urnas, um grande incentivo à meta de Modi de acabar com o domínio da família Nehru-Gandhi, que governou durante a maior parte dos 67 anos desde a independência indiana.

Singh, cuja legenda parece ter obtido menos de 50 dos 543 assentos no Parlamento, parabenizou Modi por telefone. A presidente do partido, Sonia Gandhi, e seu filho Rahul admitiram a derrota rapidamente.

O desejo de mudança foi tão forte que os eleitores puseram de lado as preocupações com as políticas de Modi supostamente favoráveis aos hindus.

"A economia da Índia estava na inércia. Temos esperança de que ele irá reerguê-la, que irá criar empregos", disse Shailesh Jha, de 29 anos, que abraçava um grupo de amigos eufóricos no diretório do BJP em Délhi.

Shailesh ecoou o sentimento dos que acreditaram nas promessas de Modi de crescimento econômico para atender às exigências dos milhões de jovens que chegam à idade de trabalhar a cada ano e que poderiam fortalecer a produtividade do país se encontrassem empregos.

Político começou vendendo chás

Efe

O nacionalista hindu Na­­rendra Modi, líder do Partido Bharatiya Janata (BJP), forjou uma imagem de honesto e bom gerente, transformando o estado de Gurajat, que governa há 12 anos, em um dos mais prósperos da Índia.

Aos 63 anos, NaMo, acrônimo com que lhe apelidam seus partidários, divulgou a imagem de bom gerente nas redes sociais, em um país com cem milhões de usuários do Facebook, um número que só é superado pelos EUA.

Modi chegou a dar comícios em 3D, para estar "presente" em até 140 lugares ao mesmo tempo na maior democracia do mundo.

Nascido em 1950 numa família numerosa de casta baixa da cidade de Vadnagar, em Gujarat, cresceu ajudando o pai, um vendedor de chás, na estação de trem.

Na adolescência, protagonizou um episódio obscuro ao se casar aos 18 anos com uma jovem de um povoado próximo, conforme o costume que dá aos pais o poder de acertar as bodas dos filhos sem consultá-los.

Modi deixou a esposa, Jasho­­daben Chi­­man­­lal, após três anos de casado – uma união que não constava de sua biografia oficial –, embora durante as eleições tenha reconhecido o casamento, pois a lei obriga desde setembro de 2013 a nomear o cônjuge para evitar casos de corrupção por transações ilícitas de dinheiro.

O abandono da mulher coincidiu com o fim dos es­­tudos de Modi e a entrada em 1971 no Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), grupo de extrema-direita hindu que simpatizou com a Alemanha nazista e do qual fez parte Nathuram Godse, o assassino do Ma­­hatma Gandhi.

Após mais de uma década de afiliação a esse grupo, Modi se tornou militante em 1985 do BJP, partido hinduísta com um perfil mais moderado. De lá para cá, sua carreira política foi meteórica.

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