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O subsecretário americano de Estado Robert Zoellick vai continuar na quarta-feira as negociações sobre um plano de paz para Darfur, o que indica que o prazo inicialmente previsto será superado.

- Estarei aqui amanhã, além disso eu não sei - disse Zoellick a jornalistas na noite desta terça-feira.

O governo do Sudão aceitou uma proposta de 85 páginas, mas três facções rebeldes de Darfur se recusam a assiná-la, dizendo-se descontentes com as medidas de segurança e divisão de poderes e riquezas.

Zoellick e a secretária britânica de Desenvolvimento Internacional, Hilary Benn, tiveram reuniões sucessivas com todas as partes e observadores envolvidos e disseram que sua intervenção pode induzir os rebeldes a aceitarem o plano de paz.

- Eles precisam tomar decisões difíceis pela paz, para que as mortes possam parar - disse em Washington o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack.

Mediadores dizem que os rebeldes insistem em algumas exigências, como o cargo de vice-presidente do país e um governo regional. Zoellick não quis dizer quanto tempo as negociações poderão durar, lembrando que seu papel é tentar aproximar as partes.

- Só continuarei fazendo isso se vir que estamos em posição de conseguir - disse ele.

A União Africana, que medeia as negociações, não se manifestou sobre a aparente mudança de prazos.

- Ninguém vai aparecer bem , nem a União Africana, nem o governo nem os movimentos , mas as verdadeiras vítimas serão as pessoas no terreno - disse Sam Ibok, chefe da equipe de mediação da UA. - Elas não poderão voltar para suas casas e cultivar suas terras. Terão de passar mais tempo nos campos . A segurança vai deteriorar. As mulheres continuarão expostas a estupros, e as crianças vão continuar sofrendo - afirmou.

O chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, falou por telefone na terça-feira com três líderes rebeldes e pediu a eles que aproveitem a oportunidade de Abuja (capital da Nigéria, onde ocorrem as negociações).

Darfur é uma região árida no sul do Sudão, do tamanho da França e de população etnicamente variada. Os rebeldes de etnias africanas pegaram em armas no começo de 2003, acusando o governo, dominado pelos árabes, de negligência. O governo então retaliou armando milícias árabes, chamadas Janjaweed.

O conflito matou dezenas de milhares de pessoas e envolve uma campanha de incêndios, saques e estupros. Mais de 2 milhões de pessoas fugiram das suas casas para campos em Darfur e no vizinho Chad.

Diplomatas dizem que um dos maiores obstáculos ao acordo é que Minni Arcua Minnawi, líder da mais poderosa das três facções rebeldes, está sendo prejudicado por alguns ex-aliados devido a uma crise no Chad.

Minnawi é um aliado tribal do presidente do Chad, Idriss Deby, que enfrenta uma insurreição que, segundo ele, é fomentada por Cartum. Mas amigos de Minnawi no Chad o acusam de abandonar Deby e se vender a Cartum, o que torna difícil que ele assine qualquer acordo.

Washington, que qualifica a violência em Darfur como "genocídio", quer que o Sudão aceite a presença de uma tropa de paz da ONU, que reforçaria a atual força africana de 7.000 homens. Cartum por enquanto rejeita a idéia.

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