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Autoridades se posicionam ao lado do caixão de Nelson Mandela antes de ele ser enterrado: cerimônia final foi restrita a poucos convidados | Elmond Jiyane/GCIS/Reuters
Autoridades se posicionam ao lado do caixão de Nelson Mandela antes de ele ser enterrado: cerimônia final foi restrita a poucos convidados| Foto: Elmond Jiyane/GCIS/Reuters

Solenidade

Cerimônia tem clima político e exaltação do partido governista

Não houve apenas homenagens e reminiscências da vida do herói sul-africano, mas política também. A começar pela apresentação do evento, a cargo da presidente e do vice-presidente do Congresso Nacional Africano, o partido de Mandela e que permanece no comando do país, com Jacob Zuma.

A mensagem, já há muito clara para todos os sul-africanos, foi reforçada aos olhos do mundo todo: no país, o partido está acima do governo. Zuma, que enfrenta problemas de popularidade em razão de denúncias de corrupção e da má performance da economia (previsão de crescimento de apenas 2% para este ano), não perdeu a oportunidade de misturar a trajetória de Mandela com a do partido.

"Nós sempre nos lembraremos dos princípios que você [Mandela] personifica e que o CNA representa", declarou ele, que foi vaiado na cerimônia no estádio na semana passada e que em cerca de cinco meses concorrerá a mais um mandato de cinco anos.

Nenhum líder político branco subiu ao palco, nem mesmo o ex-presidente Frederik de Klerk, o homem que libertou Mandela e dividiu com ele o Nobel da Paz.

Celebridades

Na cerimônia estavam ce­le­bridades como a apresentadora Oprah Winfrey e os atores Forest Whitaker e Idris Elba (que faz Mandela na adaptação cinematográfica do livro Longo Caminho para a Liberdade, ainda sem estreia no Brasil).

  • Entre as homenagens pelo mundo, velas foram acesas em frente à Torre Eiffel, em Paris
  • Sul-africanos acompanharam emocionados o funeral, realizado na terra natal de Mandela

O sentimento de orfandade dos sul-africanos ontem, dia do enterro do "pai da nação", Nelson Mandela, foi resumido por seu amigo Ahmed Kathrada, 84, que passou com ele 26 anos preso. "Minha vida agora é um vácuo. Não sei mais a quem recorrer".

Foi de Kathrada, histórico representante dos descendentes de indianos no mosaico do movimento contra o apartheid, o discurso mais emocionante, entre os muitos na longa cerimônia que precedeu o enterro de Mandela na vila de Qunu, terra de seus ancestrais.

No total, foram 3h40 de solenidade numa improvisada tenda montada no lugarejo, quase o dobro do prazo inicialmente previsto. Isso impossibilitou respeitar ao pé da letra a tradição da tribo de Mandela, os thembu, que são parte da etnia xhosa: enterrar um grande líder precisamente ao meio-dia, "quando o sol é mais alto e a sombra, mais curta".

O caixão de Mandela desceu à sepultura, cavada dentro de um pequeno jardim, pouco antes das 13h locais (9h de Brasília). Antes, o corpo foi abençoado uma última vez por um bispo. "Descanse em paz. O seu foi o verdadeiro longo caminho para a liberdade, e agora você alcançou essa liberdade", disse o religioso, referindo-se ao título da autobiografia de Mandela.

Bandeiras

Três helicópteros fizeram então um sobrevoo, cada um com uma bandeira da África do Sul presa numa haste, seguidos por seis caças – duas cenas reminiscentes da posse de Mandela como presidente do país, em 1994, fim oficial do apartheid.

Seguiu-se uma salva de 21 tiros de canhão e a TV estatal, única com acesso ao evento, cortou o sinal do momento final da descida do caixão, respeitando o desejo da família. Minutos depois, foi confirmada pelo governo que Mandela, morto no último dia 5, estava enterrado.

Cerca de 4,5 mil pessoas participaram da solenidade e 450 do enterro. O presidente sul-africano, Jacob Zuma, sentou-se na primeira fila, entre Winnie Mandela, ex-mulher do homenageado, e Graça Machel, a viúva.

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