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Durante a ioga, dobrar-se, esticar-se e respirar fundo são coisas que podem renovar, acalmar, curar, fortalecer, melhorar o humor, diminuir o risco de doenças cardíacas, aumentar a flexibilidade e o equilíbrio, reverter os efeitos da idade e até melhorar a vida sexual.

Mas no início deste ano, uma famosa professora de ioga do Havaí me escreveu sobre uma ameaça pouco conhecida entre as mulheres.

A professora, Michaelle Edwards, dizia que a elasticidade feminina se torna uma desvantagem, quando posições extremas passam a causar danos em seus quadris. Ao longo do tempo, segundo ela, o estresse crônico pode se transformar em uma dor excruciante e, em alguns casos, levar a cirurgias de emergência para reparar o quadril.

Descobri que alguns dos maiores cirurgiões do país declararam que o problema é real – tão real que centenas de mulheres que praticam ioga estão aparecendo nos consultórios com dores insuportáveis e sendo submetidas a operações caras para corrigir e até mesmo para substituir a bacia.

"A incidência dessa lesão é relativamente alta", afirmou Jon Hyman, ortopedista de Atlanta, Geórgia. O Dr. Hyman contou que as pacientes típicas com lesões causadas pela ioga geralmente são mulheres de meia idade, acrescentando que recebe em torno de 100 pacientes ao ano. "As pessoas precisam ficar cientes disso", afirmou. "Se elas praticam ioga e sentem dores no quadril, não é bom ignorar."

Bryan T. Kelly, ortopedista do Hospital de Cirurgias Especiais em Nova York, afirmou que as posições da ioga são conhecidas por colocar o quadril em situações extremas.

Pesquisadores médicos da Suíça descobriram a origem dos problemas no quadril há mais de uma década.

Os quadris das mulheres se revelaram especialmente vulneráveis. Por sua natureza, a região pélvica feminina é responsável por um conjunto incomumente grande de movimentos nas juntas, o que pode aumentar não apenas sua eficiência na ioga, mas também os riscos envolvidos. Os pesquisadores descobriram que movimentos extremos com as pernas podem levar os ossos do quadril a se chocarem repetidamente. Ao longo do tempo, isso pode causar danos à cartilagem, inflamações, dores e artrites graves. Eles chamam isso de impacto femoroacetabular – ou FAI, na sigla médica.

Reinhold Ganz, cirurgião ortopedista da Universidade de Berna, na Suíça, revelou em um estudo publicado em 2008 que mulheres com idades entre 30 e 40 anos cujas atividades geram "uma grande demanda de movimentos" costumam lesionar o quadril com maior frequência. O estudo citava especificamente a ioga.

Descobri que centenas de ortopedistas da região do Mediterrâneo assistiram a uma conferência em 2010 que ligava a FAI às mulheres de meia idade que praticam ioga.

Michael J. Taunton, cirurgião da Clínica Mayo, em Minnesota, contou que realiza entre 10 e 15 cirurgias de substituição de quadril em pessoas que fazem ioga por ano. Cerca de 90 por cento são mulheres, acrescentou.

Porém, uma das complicações é que a ioga provavelmente ajuda milhões de pessoas a lidarem com a artrite e há muito tempo os cientistas afirmam que a ioga pode ajudar a combater as inflamações nas juntas.

Além disso, formas mais suaves de ioga provavelmente ajudam os quadris. Porém, conforme Taunton colocou, as posições da ioga podem se tornar "uma coisa boa em excesso".

Edwards afirmou que alerta as praticantes a serem cautelosas ao dobrarem o corpo para a frente quando estão sentadas ou em pé, ou quando fazem agachamentos com uma perna dobrada e a outra esticada para trás – movimentos que podem forçar o colo do fêmur para dentro do quadril.

Infelizmente, professores de ioga costumam encorajar com muita frequência seus alunos a "superarem a dor". Isso não é muito esperto, já que a dor é a forma que a natureza tem de nos avisar que algo está errado. É melhor escutar o corpo com atenção. Afinal de contas, esse templo é nosso melhor professor.

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