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“Robin Hooders” alimentam parquímetros e seguem agentes de estacionamento para evitar multas | Andrea Morales para The New York Times
“Robin Hooders” alimentam parquímetros e seguem agentes de estacionamento para evitar multas| Foto: Andrea Morales para The New York Times

Em muitos lugares, os agentes de estacionamento, armados apenas com um dispositivo que gera multas para quem não depositou uma moeda, servem silenciosamente a vida comercial e cívica ao garantir que os parquímetros sejam alimentados.

Mas não aqui em Keene, em New Hampshire, onde eles estão divididos num cabo de guerra filosófico entre um grupo de ativistas com o lema "Free Keene", e uma maioria de moradores inconscientes de que sua cidade estava em cativeiro.

Jovens chamados "Robin Hooders" filmaram duas agentes de estacionamento de Keene, duas mulheres. Eles acompanham onde elas estão via rádio, alimentam parquímetros expirados antes que multas de US$5 possam ser emitidas, e deixam um bilhete dizendo "Nós o salvamos da tarifa do rei".

Bem-vindo à Floresta de Sherwood, em New Hampshire, onde esses atos levaram a algumas doações e gratidão, mas também a brigas de calçada, alegações de assédio e litígios. Eles são parte de uma iniciativa para libertar Keene do "violento monopólio" do governo e seus executores.

A questão do estacionamento tornou-se tão controversa que um terceiro agente de estacionamento, um ex-soldado que serviu no Iraque, pediu demissão no ano passado devido ao stress.

Alguns moradores estão desafiando os ativistas em uma página no Facebook com o nome de "Stop Free Keene!!!". Um de seus organizadores, Andrea Parkhurst Whitcomb, faz aos relativos recém-chegados uma pergunta fundamental: "Quem lhes pediu que viessem nos libertar?".

Os ativistas escolheram libertar essa pitoresca cidade na Nova Inglaterra, com 24 mil habitantes e fundada em 1753, porque New Hampshire é um bastião de individualismo, onde "Viva livre ou morra" é o lema. Em 2003, um grupo chamado Free State Project decidiu que este pequeno estado poderia ser um paraíso para os amantes da liberdade, ao menos se um número suficiente de pessoas com a mesma visão se estabelecesse por aqui.

O projeto influenciou debates em todo o estado – em parte devido a "pioneiros" como Ian Freeman, que se mudou para Keene há diversos anos e rapidamente causou problemas.

Houve palestras sobre maconha na praça central. Consumo de álcool fictício em reuniões do Conselho Municipal. Panfletagens em frente a escolas públicas. E muitos encontros gravados em vídeo, incluindo uma notória ocasião quando uma guarda de travessia esbofeteou a câmera com sua placa de "Pare". Freeman, nascido Ian Bernard, de 33 anos, foi preso várias vezes. Ele diz ser orientado pela crença de que "toda interação humana deveria ser consensual". Isso pode surpreender as agentes de estacionamento, que não consentiram em ser seguidas ou filmadas.

Depois que as agentes reclamaram sobre o aumento do stress, no ano passado, Keene contratou um investigador para seguir e filmar os ativistas seguindo e filmando as funcionárias públicas. Então a cidade apresentou uma queixa oficial contra diversos ativistas, acusando-os de assédio. "Eles tentavam fazer comentários para descobrir minha religião, meu status militar", recordou recentemente Alan Givetz, o ex-soldado. Em dezembro, um juiz local rejeitou a queixa da cidade.

Os membros do grupo Stop Free Keene!!! começaram a distribuir panfletos acusando os ativistas "antigoverno" de "tentarem se infiltrar em nossa linda comunidade".

"Já não estamos mais confortáveis", afirmou Tammy Adams, enfermeira registrada e apicultora. "Todos estão no limite".

Enquanto isso, autoridades municipais estão considerando aumentar as taxas de estacionamento para 50 centavos de dólar por hora.

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