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Depois que Philippe de Montebello concordou, durante um café da manhã há vinte anos, em batizar o Salão de Esculturas Romanas do Museu Metropolitano de Arte com os nomes dos filantropos e colecionadores de antiguidades Leon Levy e sua mulher, Shelby White por toda a eternidade, o homenageado lhe fez uma pergunta.

"Sabendo que no futuro o sucessor de Philippe faria a mesma promessa a outro doador ainda nem nascido, eu lhe perguntei: ‘Quanto dura essa eternidade?’", ele contou mais tarde.

"Para você, 50 anos" de Montebello, diretor do museu, respondeu. Como a filha do casal tinha apenas vinte e poucos anos na época — e para evitar fazê-la sofrer se o nome de família fosse trocado enquanto ainda estivesse viva — Levy propôs redefinir o conceito para 75 anos.

Philippe de Montebello concordou e o museu recebeu US$20 milhões, a maior doação em dinheiro já feita até então.

A pergunta foi relembrada quando o Lincoln Center para Artes Performáticas concordou, há pouco tempo, em pagar aos descendentes de Avery Fisher US$15 milhões pela permissão de tirar o nome dele do Hall Filarmônico, em troca de outros incentivos, na esperança de atrair doações muito maiores para custear a reforma pretendida de US$500 milhões.

Em 1973, Fisher, o filantropo da música, doou US$10,5 milhões para reformar o prédio sob a condição que seu nome permanecesse ali para a eternidade.

"Hoje em dia, eternidade é uma questão de negociação", admite William D. Zabel, um dos advogados que representa a família Fisher, em nome de quem ameaçou processar o Lincoln Center há doze anos, quando a instituição começou a pensar na mudança de nome.

"É como em ‘Alice no País das Maravilhas’: quando uso uma palavra, ela significa o que eu acho que ela significa, nem mais, nem menos", arremata.

Dessa vez, ambas as partes chegaram a um acordo satisfatório – pelo preço certo, é claro.

Zabel não é o único a dizer que os doadores que aceitam um limite estipulado de tempo para os direitos de uso de seus nomes pela instituição que apóiam permitem que a mesma os revenda mais tarde. Em 2008, o acordo entre o financista de Wall Street Stephen A. Schwarzman e a Biblioteca Nacional de Nova York estipulou que o nome dele permaneceria gravado na fachada do prédio da Quinta Avenida para sempre – em troca de um presentinho de US$100 milhões.

No mesmo ano, o filantropo bilionário David H. Koch doou US$100 milhões para a reforma e mudança de nome do Teatro Estadual de Nova York, mas estipulou que o local poderia ser renomeado depois de 50 anos. "A nomeação deve ser definida por um período específico de modo que a instituição possa se regenerar através de uma nova onda de doações", explicou ele na época.

Jesse Sheidlower, presidente da Sociedade Americana de Dialetos, diz: "Se uma promessa não for cumprida, não significa que o conceito foi redefinido".

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