• Carregando...
Cultivos de alto rendimento resistentes a doenças melhoraram significativamente a capacidade mundial de se alimentar | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Cultivos de alto rendimento resistentes a doenças melhoraram significativamente a capacidade mundial de se alimentar| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Deveríamos estar condenados. Só que não estamos, ao menos por enquanto. O jornal “The New York Times” recentemente reexaminou a década de 1960, período em que o desaparecimento da raça humana estava na mente de muita gente.

A preocupação básica, que antes era o excesso de população, agora é o excesso de consumoDivulgação/Gazeta do Povo

A grande preocupação era a superpopulação, um tema que inspirou a literatura, a música pop e a pesquisa científica.

Entre as várias obras sobre o assunto estava “A Bomba Populacional” (1968), de Paul R. Ehrlich, biólogo da Universidade de Stanford, que previu que em 15 anos ocorreria “um colapso da capacidade do planeta de sustentar a humanidade”. Centenas de milhões de pessoas morreriam de fome na década de 1970.

Então, o que deu errado —ou melhor, o que deu certo?

Um dos grandes avanços aconteceu na produção agrícola. Cultivos de alto rendimento resistentes a doenças melhoraram significativamente a capacidade mundial de se alimentar. Além disso, as taxas de natalidade estão caindo, por diversas razões.

Isso não significa que não haja preocupações quanto ao esgotamento de recursos. Mas a preocupação básica, que antes era o excesso de população, agora é o excesso de consumo. O “NYT” destacou as advertências de Fred Pearce, escritor especializado em questões populacionais. “O aumento do consumo supera de longe o aumento populacional como uma ameaça ao planeta”, escreveu Pearce há cinco anos.

Diante de temores motivados por questões como as emissões de carbono e a escassez de água, alterar o comportamento de quem consome se tornou uma ciência à parte. Um grupo de pesquisadores de Harvard e Yale escreveu que a abordagem tradicional para a redução do consumo —elevar o custo, seja cobrando mais na conta de água ou adotando um imposto sobre o carbono— muitas vezes é ineficaz.

O que funciona, escreveram, é apelar “ao desejo das pessoas de serem bem vistas pelos outros”. Isso significa tornar evidente a todos quem está cooperando e quem está sendo egoísta. Eles imaginaram, por exemplo, a instalação de placas nos gramados da Califórnia apontando proprietários que se comprometeram a reduzir o consumo de água.

“Melhorar a vida dos outros não é a nossa principal motivação para doar”, escreveram os pesquisadores. “Cooperamos porque nos faz ficar bem perante os outros.”

Ehrlich, autor de “A Bomba Populacional”, provavelmente duvidaria desses esforços. Aos 83 anos, ele ainda antevê que as coisas terminarão mal —e logo. Se fosse emitir suas advertências hoje, afirmou, sua linguagem “seria ainda mais apocalíptica”.

Outros apostam que a tecnologia será capaz de acompanhar os desafios. Na época das melancólicas advertências da década de 1960, Gordon Moore estava fazendo suas próprias previsões.

Depois, como chefe de pesquisas da Fairchild Semiconductor e mais tarde como um dos fundadores da Intel, previu contínuos avanços no poder de computação, com tamanho grau de acerto que sua previsão passou a ser conhecida como Lei de Moore.

“Moore previu o computador pessoal, o celular, os carros que se dirigem sozinhos, o iPad, o Big Data e o Apple Watch”, escreveu Thomas Friedman, colunista. Friedman perguntou a Moore o que ele aprendeu ao acertar tanto. “Eu acho que uma coisa que eu aprendi”, respondeu Moore, “é que, quando você acerta uma previsão, deve evitar fazer outra”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]