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Em outubro, um foguete da Orbital Sciences explodiu e a nave SpaceShipTwo, da Virgin Galactic, caiu | Sandy Huffaker/Getty Images
Em outubro, um foguete da Orbital Sciences explodiu e a nave SpaceShipTwo, da Virgin Galactic, caiu| Foto: Sandy Huffaker/Getty Images

As viagens espaciais foram por muito tempo restritas ao governo e aos fãs da ficção científica, mas recentemente a corrida ganhou o reforço de empreendimentos comerciais, em muitos casos bancados por empresários bilionários.

O fundador da Amazon, Jeff Bezos, criou a Blue Origin para reduzir o custo da tecnologia espacial. Elon Musk criou a SpaceX com a finalidade de algum dia viajar a Marte. Richard Branson fundou a empresa de turismo espacial Virgin Galactic.

No entanto, dois acidentes envolvendo foguetes comerciais lançaram luz sobre os altos riscos e os enormes custos envolvidos em qualquer viagem ao Espaço.

Um avião espacial da Virgin Galactic explodiu em 31 de outubro durante um voo de teste sobre o deserto de Mojave, na Califórnia, matando um piloto e deixando outro ferido. Dias antes disso, um foguete da Orbital SWciences que levaria suprimentos à Estação Espacial Internacional explodiu segundos depois de lançado de uma ilha na Virginia.

"A engenharia e física do Espaço são implacáveis, não importa quem seja responsável pelo projeto", disse Scott Pace, ex-administrador assistente da Nasa, a agência espacial americana.

O que essas novas iniciativas espaciais têm em comum é o fato de que todas procuram maneiras de reduzir o custo das viagens aéreas. Sem isso, dizem analistas, não existe perspectiva realista de tornar as viagens espaciais rotineiras e acessíveis no futuro. Depois de ser pioneira na exploração espacial e no pouso lunar, a Nasa precisou se adaptar à restrição orçamentária e redefinir sua missão. Hoje, uma de suas principais metas é incentivar e financiar o desenvolvimento de entidades espaciais comerciais.

A Orbital Sciences opera sob um contrato de US$ 1,9 bilhão com a Nasa para enviar carregamentos à estação espacial. Seu foguete Antares explodiu na terceira de oito missões para levar suprimentos à estação. A SpaceX recebeu US$ 2,4 bilhões da Nasa recentemente para construir um sistema de transporte de astronautas nos próximos três anos. A empresa já tinha fechado um contrato anterior de US$ 1,4 bilhão para levar suprimentos à estação espacial. A Boeing fechou um contrato com a Nasa no valor de US$ 4,6 bilhões para a construção de uma nave espacial capaz de levar astronautas à estação espacial.

A SpaceX e a Orbital Science estão procurando reduzir os custos de maneiras diferentes. Os foguetes da Orbital usam um par de motores recondicionados construídos na União Soviética nos anos 1960 e 1970. Os motores foram criados para foguetes soviéticos que iriam à Lua, mas nunca foram usados e ficaram guardados durante décadas. Foram recondicionados por uma empresa americana e incorporados ao foguete Antares pela Orbital.

Já a SpaceX fabrica seus próprios motores para seu foguete Falcon 9 e pretende reduzir custos no longo prazo, reutilizando o foguete. A companhia conseguiu lançar um foguete de testes chamado Grasshopper, que flutuou no ar a uma altitude de 730 metros e então retornou ao ponto de lançamento. Mas seus esforços para fazer os foguetes Falcon 9 não têm tido êxito. Em agosto, um foguete de testes que tentou ir a grande altitude foi destruído pouco depois de decolar. Não houve feridos.

A Nasa "está procurando acesso mais barato ao Espaço", disse o analista espacial Marco A. Caceres, da empresa de consultoria Teal Group, na Virginia. O problema, para ele, é que confiabilidade e preço muitas vezes andam juntos.

A Virgin Galactic é uma exceção ao modelo dos lançadores financiados pelo governo. A empresa vem trabalhando sobre uma nave experimental que levará passageiros pagantes para a borda do Espaço e os trará de volta.

Chamada SpaceShipTwo, a nave foi projetada para ser lançada de um avião e então subir para seu apogeu a uma altitude de cerca de cem quilômetros, vista como o limite do Espaço.

No auge da ascensão, duas peças na cauda da nave girariam para cima, numa posição prevista para criar mais resistência e estabilidade, permitindo que a nave descesse suavemente, voltando para a atmosfera.

Investigadores do acidente disseram que a nave assumiu essa configuração antes da hora, por razões que ainda não estão claras.

Em declaração dada após o acidente, a Virgin Galactic respondeu às críticas segundo as quais o design da SpaceShipTwo seria falho e os voos de teste teriam sido insensatos. "Nós na Virgin Galactic estamos dedicados à abertura da fronteira espacial e ao mesmo tempo temos a segurança como nossa estrela guia."

Os novos empreendedores do Espaço sabem suscitar interesse. Antes do acidente mais recente, cerca de 700 pessoas já tinham reservado passagens para voos pela Virgin Galactic, ao custo de US$ 250 mil cada um.

"Estamos falando de uma era espacial novinha em folha", disse Caceres.

"Temos personalidades como Richard Branson, Elon Musk e Jeff Bezos, que não são engenheiros. São pessoas de outro tipo, capazes de atrair investidores."

Mas, ele acrescentou, "o reverso da moeda é que, se houver problemas, também haverá muita atenção sobre eles".

Colaborou Kenneth Chang

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