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M. Night Shyamalan, cujo primeiro filme de estúdio foi “O Sexto Sentido” (1999), disse que reavaliou sua vida profissional depois de produzir uma série de fracassos | JESSICA KOURKOUNIS/FOR THE NEW YORK TIMES
M. Night Shyamalan, cujo primeiro filme de estúdio foi “O Sexto Sentido” (1999), disse que reavaliou sua vida profissional depois de produzir uma série de fracassos| Foto: JESSICA KOURKOUNIS/FOR THE NEW YORK TIMES

“Não sei, bro. Eu estava com a cabeça embaralhada”, disse M. Night Shyamalan, ruminando recentemente sobre opções profissionais que deram errado. Então, ele irrompeu em um riso maroto. Brincadeira! Ainda assim, a ternura em seus olhos o traiu: havia certa verdade naquela provocação.

Em comparação a seus primeiros quatro filmes de estúdio, que foram sucessos substanciais, começando por “O Sexto Sentido” em 1999, os últimos quatro filmes de Shyamalan foram uma série de fracassos. “A Dama na Água”, “Fim dos Tempos”, “O Último Mestre do Ar” e “Depois da Terra” mancharam gravemente sua reputação entre os fãs de cinema.

Então houve uma virada que ninguém previa: Shyamalan, 45, aparentemente mais humilde e maduro, reavaliou sua vida profissional, fez uma correção de curso e o resultado, um inconvencional thriller cômico chamado “A Visita”, poderá ser um retorno cinematográfico surpreendente.

Depois de levar uma surra há dois anos por “Depois da Terra”, uma aventura de pai e filho no Espaço estrelada por pai e filho na vida real, Will Smith e Jaden Smith, Shyamalan pegou um desvio para a televisão. Ele fez parte da equipe por trás de “Wayward Pines”, uma série de mistério da Fox que cativou os espectadores (mas não todos os críticos) por sua excentricidade. Uma segunda temporada está em preparo.

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“Como há menos recursos na televisão, aprendi quanta gordura eu tinha sobre mim, quantos maus hábitos adquiridos”, disse.

Na frente de filmagem, Shyamalan fez outra curva acentuada, desviando-se de projetos de estúdio pesados como “O Último Mestre do Ar” e “Depois da Terra” —filmes que, ao contrário de seus sucessos anteriores (“Sinais”, “A Aldeia”, “Corpo Fechado”), não se basearam em suas próprias histórias. “A Visita”, que ele escreveu, produziu e dirigiu, chegará aos cinemas em setembro nos Estados Unidos. Shyamalan também gastou aproximadamente US$ 5 milhões de seu próprio bolso para fazê-lo.

Apresentando um dos finais surpreendentes que são a marca do diretor, “A Visita” é sobre dois adolescentes que visitam seus avós, os quais se comportam de modo estranho: Nana, interpretada por Deanna Dunagan, arranha as paredes à noite e Pop-Pop (Peter McRobbie) tem um segredo bizarro no galpão. O filme fez um sucesso inesperado entre plateias de pré-estreias.

“Admito que estava cética”, disse Alexa Hernandez, que viu “A Visita” em julho como participante da Comic-Con International na Califórnia. “Mas foi um dos melhores filmes de terror que já vi. E é engraçado.” William Bibbiani, crítico de CraveOnline, escreveu no Twitter: “O melhor filme de Shyamalan em muito, muito, MUITO tempo”.

Como Shyamalan aprendeu da maneira mais difícil, ser um diretor-autor —projetando o que passa na sua cabeça sem se importar com as tendências culturais e a venda de ingressos— talvez seja o caminho mais arriscado em Hollywood. Pode ser feito, mas geralmente leva a períodos magros nas bilheterias.

Shyamalan disse que ficou um pouco enrolado demais em sua própria cabeça. Mas insistiu que aprendeu com seus erros. Ele não renegou seus filmes anteriores. Disse que um de seus favoritos ainda é “A Dama na Água”, que deu prejuízo em 2006. Mas admitiu que seu foco no público havia sido superado pelo desejo de realizar uma visão sua.

“Eu não percebi que o ponto ideal tinha mudado”, disse ele. “Antigamente, David Fincher e Christopher Nolan eram marginalizados. Eles eram sombrios demais. Agora, estão no centro. Enquanto isso, eu estava ocupado sendo sentimental. ‘O Último Mestre do Ar’ foi baseado em um programa infantil. ‘A Dama na Água’ começou como uma história de ninar que eu contava a minhas filhas.”

Ele continuou: “Para mim, ‘E.T.’ sempre foi o Santo Graal. Eu tinha 13 anos quando vi aquele filme e chorei no cinema. Havia outros meninos de 13 anos chorando. Você conhece algum menino de 13 anos que faria isso hoje? A era em que eu cresci foi um tempo caloroso, sentimental”.

“A Visita” é um drama íntimo familiar embutido em um filme de terror. Ele usa a antiga técnica de filmagem conhecida como “found footage”; um dos personagens, neste caso uma adolescente, grava a ação em uma filmadora.

O roteiro de Shyamalan tenta manter o público adivinhando. “Não se tratou apenas da virada”, disse ele. “Nos momentos de comédia sombria, eu queria que as pessoas pensassem: ‘Eu devo rir ou ficar chocada? Não sei realmente. Mas estou gostando’.”

No final de “A Visita”, a adolescente —é uma aspirante a cineasta, o que explica por que está sempre gravando— muda de autora para algo mais descontraído, talvez refletindo a própria mudança recente de Shyamalan.

“No início, ela se esforça muito para fazer algo belo, de arte”, disse ele, “mas finalmente ela diz: ‘Sabe de uma coisa? Vamos apenas nos divertir’.”

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