• Carregando...

Uma das noções persistentes gerada pela crise financeira de 2008 é a de que os banqueiros que causaram a crise normalmente se esquivam de punição. Mas um banqueiro de Londres aprendeu no mês passado que trapacear no preço de seu bilhete de transporte mensal é diferente.

Jonathan Paul Burrows, diretor de investimentos do BlackRock Asset Management em Londres, foi definitivamente excluído do mercado financeiro por reguladores britânicos por pagar menos por suas passagens de trem há mais de cinco anos, de acordo com o jornal The Times.

A agência reguladora britânica que supervisiona profissionais da área financeira disse que Burrows, que ganha cerca de 1 milhão de libras por ano (aproximadamente US$ 1,5 milhões) e possui uma casa nos arredores de Londres no valor de 3 milhões libras (aproximadamente US$ 4,5 milhões), não está mais apto para o trabalho porque "carece de honestidade e integridade". O jornal The Daily Mail usou um termo mais rebuscado para ele: "o grande assaltante de trens".

Burrows foi parado em uma estação de Londres depois de sair do trem vindo de East Sussex, onde embarcou em uma estação sem catracas. A estação de Londres exige que a passagem seja digitalizada na saída, mas ele usava um cartão que dava direito ao transporte dentro de Londres — £7,20 ($11,18) — menos do que a tarifa do bilhete mensal interurbano de £21,50 ($33,39). Burrows admitiu não pagar a tarifa cheia, e uma investigação descobriu que ele não compra o bilhete integral desde 2009.

Uma porta-voz da ferrovia disse que ele negou ter burlado tarifas há cinco anos, mas pagou £ 43.000 ou US$ 67.200 de multas em março.

Através de um porta-voz, Burrows disse: "Sempre reconheci que fiz uma besteira. Eu já me desculpei com todos os interessados e reitero esse pedido de desculpas publicamente hoje."

Talvez Burrows devesse ter considerado uma carreira que tivesse de lidar com banqueiros que se comportam mal, uma jogada lucrativa para algumas pessoas nos Estados Unidos.

Graças à sua denúncia, Edward O’Donnell soube no mês passado que vai receber mais de US$ 57 milhões por ter ajudado o Ministério Público Federal a forçar o Bank of America a pagar uma multa recorde de US$ 16,65 bilhões por seu papel na venda de hipotecas e títulos podres. O pagamento feito a O’Donnell deve-se a um processo que ele abriu com base na Lei de Falsa Alegação (False Claims Act) no início deste ano e que os promotores usaram para forçar o Bank of America a aceitar o acordo.

"Em minha opinião, Edward O’Donnell é o maior responsável garantir os acordos do banco e garantir a responsabilidade de Wall Street", disse ao The Times seu advogado, David G. Wasinger.

Entre 2003 e 2009, O’Donnell foi executivo da Countrywide Financial, empresa que financia hipotecas e que controlava o mercado, comprada pelo Bank of America no início de 2008.

Robert Madsen, outro delator que teve papel importante no acordo do Bank of America, irá receber US$ 56 milhões. Ex-funcionário de uma empresa de avaliação de propriedade filiada ao banco, Madsen disse ao The Times que foi difícil manter sua cooperação com o Ministério Público em segredo por quase quatro anos.

"Não é uma experiência divertida nem agradável. A corte exige segredo e é tudo muito estressante", disse Madsen, de 47 anos.

Até o mês passado, nem O’Donnell nem Madsen sabiam que haveria verificações de suas denúncias de que o Bank of America supervalorizava propriedades há anos.

Madsen disse ao The Times que planeja aplicar uma parte do dinheiro em uma empresa de financiamento de hipoteca, trabalho que ele diz gostar muito. "Não entrei nessa achando que poderia conseguir algum dinheiro", acrescentou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]