• Carregando...

A prova de fogo de uma teoria científica é se ela faz previsões que se confirmam. Veja o caso desse antigo prognóstico de uma dupla de pesquisadores da Austrália e Nova Zelândia. Eles estavam resumindo os resultados das —à época primitivas— previsões computadorizadas sobre o aquecimento global:

"Os indícios disponíveis sugerem que um mundo mais quente provavelmente experimentará um aumento na frequência de eventos de precipitação intensa, associados a um ciclo hidrológico mais intenso e ao aumento da capacidade de retenção de água numa atmosfera mais quente." Isso foi publicado em 1995, com base em pesquisas reunidas desde 1980. Pula para 2014. Na Avaliação Climática Nacional publicada no início deste mês, pesquisadores dos Estados Unidos relataram que "fortes aumentos das precipitações intensas ocorreram no Nordeste, Meio-Oeste e Grandes Planícies, onde chuvas fortes têm frequentemente causado enxurradas que excederam a capacidade dos bueiros e diques e causaram inundações e erosão acelerada".

O futuro, ao que parece, já chegou. O histórico da ciência climática, na verdade, remonta a 1896, quando um sueco chamado Svante Arrhenius previu que as emissões de dióxido de carbono fariam o planeta se aquecer.

Transcorreram mais de 80 anos até que se tivesse certeza de que ele tinha razão. Aproximadamente ao mesmo tempo em que essa percepção se arraigava, os climatologistas começaram a se debruçar sobre a probabilidade de chuvas mais intensas. Na Avaliação Climática Nacional, os especialistas relataram que desde meados do século 20 houve grandes aumentos nos volumes de precipitação durante chuvas muito pesadas. O que levou os pesquisadores a esperarem isso tanto tempo antes de realmente acontecer?

Inicialmente, a previsão se baseava na física simples do século 19. À medida que despejamos dióxido de carbono no ar, a atmosfera mais baixa deve se aquecer. Ao se aquecer, ela se torna capaz de reter mais umidade, e, já que a superfície do oceano também se aquece, mais umidade tende a evaporar do mar. Mas durante muito tempo não esteve claro se isso significaria mais dias chuvosos, ou chuvas mais intensas, ou ambos. Os modelos informatizados sugerem, a partir do final da década de 1980, qual seria a resposta.

Mesmo com uma grande quantidade de umidade no ar, as condições nem sempre são adequadas para a chuva, mas que, quando tais condições se dão, os céus têm muito mais água para despejar. Chove mais forte do que costumava", disse Kevin Trenberth, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas. "Quando chove, jorra." Pesquisadores que receberam patrocínio do governo australiano foram os primeiros a realmente explorarem as implicações dessa nova descoberta.

Em um artigo de 1995, A.M. Fowler, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), e K.J. Hennessy, do programa nacional de pesquisas da Austrália, alertaram que a sociedade precisaria começar a pensar nos riscos. A sociedade reagiu ignorando-os. O aquecimento do planeta diminuiu nos últimos anos, mas os cientistas esperam que ele se torne muito mais quente à medida que este século avança, e isso só pode significar que as chuvas vão cair com força ainda maior.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]