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Alunos separando sobras do almoço que se tornarão adubo num aterro sanitário de Nova York | Hiroko Masuike/The New York Times
Alunos separando sobras do almoço que se tornarão adubo num aterro sanitário de Nova York| Foto: Hiroko Masuike/The New York Times

Uma a uma, as crianças da Escola Pública 30, em Nova York, jogaram suas bananas inteiras num latão em seu barulhento refeitório, cada uma delas aterrissando com um baque. John Sullivan, de 9 anos, disse que bananas "fazem meu estômago doer". Julianna Delloso, de 6, afirmou que "elas têm um gosto esquisito". A triste viagem das frutas e vegetais, da bandeja de almoço até a lata de lixo, vem frustrando pais, nutricionistas e ambientalistas há décadas. As crianças continuam igualmente seletivas e desperdiçadoras, mas ao menos hoje existe um final mais feliz – a lata cheia de bananas é um recipiente de compostagem, parte de um esforço para reduzir a quantidade de alimentos em perfeitas condições sendo transformados em montanhas de lixo. O programa de compostagem das escolas de Nova York, que começou há dois anos, está hoje em 230 unidades, com uma meta final de chegar a todas as 1.300.

As sobras são enviadas a uma pilha de compostagem num antigo aterro de Staten Island ou para o norte do estado de Nova York ou Delaware, onde o despejo é transformado numa terra rica em nutrientes que agricultores ou paisagistas podem comprar. Eventualmente, a cidade envia alguns restos a uma estação de tratamento de águas residuais no Brooklyn, onde "digestores" transformam lixo em gás utilizável. "Existe muito carbono naquela banana que acabará cultivando alguma outra coisa em seu jardim", declarou John T. Shea, chefe de instalações escolares do Departamento de Educação. "Esse é o ciclo da vida, meu caro".

Ao iniciar a compostagem em escolas, a cidade espera ajudar o meio-ambiente, promover um senso de conservação nas crianças e economizar dinheiro. Em 2013, a cidade pagou cerca de US$102 por tonelada métrica despejada em aterros sanitários, frente a US$75 em 2004. A compostagem economiza à cidade entre US$11 e US$55 por tonelada métrica, pois o custo é definido pela venda do produto final, segundo o Departamento Sanitário.

Em Nova York, regras de saúde escolar proíbem que se sirva novamente alimentos desembrulhados, por medo de contaminação e temperaturas inadequadas.

Mesmo com menos de um quarto dos edifícios escolares participando, o peso de toda a comida descartada atingiu 1.270 toneladas métricas entre setembro e março, frente a 408 toneladas métricas durante todo o ano letivo de 2012-13.

Outras cidades, como Seattle e São Francisco, já realizam a compostagem de alimentos escolares há anos. Chicago também, embora as sobras sejam principalmente mantidas no terreno da escola para os jardins. A iniciativa de compostagem escolar em Nova York faz parte de um crescente programa municipal onde os moradores estão sendo solicitados a separar suas sobras para coletas semanais por caminhões de saneamento. A cidade também está se unindo a distritos escolares de outras cidades para realizar compras vultosas de chapas compostáveis, explicou Eric S. Goldstein, do Departamento de Educação da cidade. Essas chapas vão direto para as latas de compostagem – ao menos quando os alunos fazem tudo certo. Na Escola Pública 30, há três latões de plástico: um para lixo de aterro como sacos plásticos, copos de isopor e embalagens; um para recicláveis, como metal, vidro e caixas de leite; e um para sobras de comida. Alunos usando luvas de borracha ou garras plásticas retiram o lixo irregular. As sobras de comida ensacadas são coletadas diariamente e levadas aos locais de compostagem, onde são separadas de contaminantes, como pedaços de plástico, e colocadas numa cama de lascas de madeira secas. Mais lascas de madeira cobrem tudo. O conjunto é revirado, e oxigênio entra para ajudar com a decomposição. Seis a nove meses depois: terra pronta para o mercado.

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