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Análise genética e modelos de correntes marinhas ajudaram a solucionar um mistério trans­atlântico | Caramaria
Análise genética e modelos de correntes marinhas ajudaram a solucionar um mistério trans­atlântico| Foto: Caramaria

Quando Cristóvão Colombo chegou ao Novo Mundo, em 1492, o porongo já tinha conquistado quase o planeta inteiro. Depois de se desenvolver na África, uma das espécies, a Lagenaria siceraria, conseguiu chegar à Ásia Oriental há onze mil anos e acabou se fixando na Polinésia, China, Peru e muitos outros países, conquistando o título de planta domesticada pré-colombiana mais amplamente distribuída.

Ele se mostrou extremamente útil também — não tanto no aspecto nutricional (seu gosto é amargo) mas, desidratado, serve como recipiente, instrumento médico e musical e até casa de passarinho. No entanto, apesar de tão comum, ele tem seus segredos.

Evidências arqueológicas mostram que povos antigos que viveram na Flórida e no México começaram a usá-lo há pelo menos dez mil anos — e mesmo assim, nunca se soube como chegou às Américas.

De acordo com pesquisas anteriores, pequenos fragmentos de DNA indicavam que as espécies norte-americanas antigas tinham mais em comum com a versão asiática do que com a africana, ou seja, talvez os colonizadores que atravessaram o Estreito de Bering há mais de dez mil anos tenham carregado consigo um punhado de sementes.

Agora, um novo estudo sobre Procedências realizado pela Academia Nacional de Ciências mostra que o porongo não chegou à América através da Ásia, mas sim diretamente da África.

Os pesquisadores utilizaram um novo método de análise genética chamado sequenciamento de DNA. Para recriar a árvore genealógica da planta, isolaram o DNA das versões modernas para separá-lo do das antigas, encontradas em nove locais no continente americano — e descobriram que os artefatos pré-colombianos do Novo Mundo eram ligados diretamente aos "parentes" africanos. Isso significa que o porongo chegou ao continente pela água. Sozinho.

Para reconfirmar essa conclusão, a equipe criou um modelo digital das correntes marítimas do Atlântico que confirmou que a planta, saída da África Ocidental, poderia perfeitamente chegar à América do Sul ou Norte, em média, em nove meses. Uma vez ali, dadas as condições ideais, as sementes com certeza criaram raízes. Alguns mistérios, porém, permanecem: como a planta conseguiu se espalhar do litoral para o interior? Por que não se desenvolve mais no continente? A hipótese mais provável é a de que suas sementes tenham sido espalhadas por animais de grande porte que foram extintos, acarretando o mesmo destino ao porongo.

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