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O comportamento desses Border Collies levou a pesquisas para verificar  se cachorros podem sentir ciúme | Steve Harris
O comportamento desses Border Collies levou a pesquisas para verificar se cachorros podem sentir ciúme| Foto: Steve Harris

Qualquer dono de cães diria que cachorros são tão ciumentos quanto seres humanos.

Mas Christine Harris, psicóloga da Universidade da Califórnia, em San Diego, pesquisou essa questão. O projeto da dra. Harris foi parcialmente inspirado pelas travessuras dos Border Collies de seus pais. Quando ela os acariciava, "um deles usava a cabeça para empurrar o outro dali", contou ela. Cientistas argumentam que o ciúme exige pensamentos complexos demais para cachorros. Outros acreditam que, embora nossas descrições de ciúmes sejam complexas, a emoção em si pode não ser tão complicada assim.

A pesquisadora criou um teste baseado no trabalho realizado com bebês. Enquanto donos de cachorros acariciavam e conversavam com um cão de pelúcia realista que latia e chorava, os cachorros dos próprios participantes chegavam, empurravam a pessoa ou o animal de pelúcia, e às vezes latiam. Após o experimento, muitos dos cachorros cheiraram a extremidade traseira do cão de pelúcia, sugerindo, segundo Harris, que os cachorros achavam que ele poderia ser real.

A dra. Harris também recordou o que aconteceu enquanto os donos acariciavam e conversavam com uma abóbora de dia das bruxas. Os cachorros prestaram pouca atenção à abóbora. Num artigo na revista "PLoS" escrito com Caroline Prouvost, também da Universidade da Califórnia, Harris concluiu que os cães mostraram uma forma "primordial" de ciúme, não tão complexa quanto a emoção humana, mas similar no sentido de haver um triângulo social e o cachorro estar tentando garantir que ele, e não o rival, receba a atenção.

Outros cientistas tiveram reações mistas ao trabalho. Segundo Alexandra Horowitz, cientista cognitiva e autora de "Inside of a Dog", os pesquisadores não mostraram que os comportamentos observados indicavam ciúme. "O que pode ser mostrado é que os cachorros parecem buscar a atenção do dono quando existe atenção sendo distribuída", afirmou ela.

Sybil Hart, da Universidade Texas Tech em Lubbock, no Texas, estudou o ciúme em bebês. Ela disse que a pesquisa da Dra. Harris desenvolveu "um argumento muito convincente". Ao vermos ciúme em bebês e cães, argumentou ela, "até certo ponto ele é inato", o que seria importante para reconhecer tentativas de administrar o ciúme humano.

"No geral, tentar acabar com ele não vem dando muito certo", explicou a dra. Hart. "Estamos tentando eliminar o ciúme, e cientistas estão dizendo que talvez devamos tentar entendê-lo melhor". O ciúme, escreveu a dra. Harris em seu estudo, "é a terceira maior causa de homicídios não acidentais em qualquer cultura". Seja qual for o nome atribuído ao comportamento canino, afirmou Brian Hare do Duke Canine Cogniti on Center, na Universidade Duke, na Carolina do Norte, existem implicações práticas para seus donos. "A busca de atenção pode levar a comportamentos parecidos com o ciúme em cachorros, e em alguns casos isso pode incluir agressividade", disse ele.

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