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Todo mundo adora uma criança que faz bagunça com a comida. Num estudo publicado em dezembro na revista Developmental Science, crianças de 16 meses aprenderam novos nomes para alimentos como geleia e calda e depois foram testadas para ver se conseguiam ligar esses nomes aos alimentos quando apresentados a elas em cores e formatos diferentes. A conclusão? As crianças aprenderam melhor quando, digamos, interagiram vigorosamente com as amostras – em outras palavras, quando brincaram com a comida.

Manchetes anunciaram que a propensão da criança a fazer bagunça na hora da refeição pode, na verdade, ser um sinal de inteligência (uma metáfora não muito diferente da periódica glorificação da mesa de trabalho bagunçada e a mente adulta criativa.) Em algum nível, ao que parece, estamos todos preparados para torcer por uma criança com o rosto bem lambuzado de pudim de chocolate. Porém, o estudo mostra uma variedade de questões interessantes sobre como as crianças aprendem e sobre a importância das brincadeiras e do ato de explorar. E talvez até mesmo sobre modos à mesa.

Os psicólogos que fizeram essa pesquisa estavam interessados em como os bebês aprendem sobre objetos "não sólidos". "Já havíamos observado em nossos estudos laboratoriais que as crianças aprendem nomes de objetos sólidos que não haviam visto antes de forma muito melhor", disse Lynn Perry, pesquisadora associada de pós-doutorado da Universidade de Wisconsin em Madison e principal autora da pesquisa.

Pelo fato de os objetos sólidos possuírem características fixas, é relativamente fácil para uma criança entender do que é composta uma xícara, uma bola ou uma cadeira. "Para elas é mais difícil aprender nomes de objetos não sólidos", explicou a Dra. Perry. "Não se pode apenas olhar e saber o que é. É preciso usar os sentidos e explorar um pouco mais."

"Foram as mais bagunceiras em casa que, quando colocadas em cadeirões no laboratório, mostraram melhores níveis de aprendizado", disse Larissa Samuelson, professora associada de psicologia na Universidade do Iowa, que supervisionou a pesquisa.

Portanto, o estudo dos comilões bagunceiros trata do desenvolvimento do cérebro, e dos estímulos e contextos de que as crianças pequenas precisam para criar categorias léxicas – tudo que é descrito por uma palavra em particular. O estudo trata também das brincadeiras e do modo como as crianças exploram o mundo e aprendem conforme brincam. Ao brincar e explorar, elas acumulam informações. "Elas literalmente experimentam o mundo ao colocar coisas na boca, ao fazer com que elas façam barulhos, ao chacoalhá-las", explicou Roberta Michnick Golinkoff, professora da Universidade de Delaware. "A informação didática não atinge seu objetivo. Elas precisam entender sozinhas, e a única maneira de conseguir isso é fazendo bagunça." Por isso, podemos comemorar a sofisticada descoberta científica de que as crianças aprendem do alto dos cadeirões, fazendo a correspondência entre novas substâncias e as que já conheciam. Como disse a dra. Samuelson: "Bebês aprendem através das brincadeiras e do ato de explorar, e podem basear-se nisso para futuros aprendizados".

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