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Países equalizam custo da assistência médico. Cirurgia para a perda de peso | Todd Heisler/The New York Times
Países equalizam custo da assistência médico. Cirurgia para a perda de peso| Foto: Todd Heisler/The New York Times

Tendemos a pensar na assistência médica como um produto local. Boa parte das pessoas visitam os médicos ou hospitais em seus bairros. A China não exporta assistência médica. A saúde e a duração da vida são diferentes de país a país, e mesmo de região a região. Mas em se tratando dos gastos com a assistência médica, o quadro está começando a ficar mais global.

Após décadas da época em que o orçamento com a saúde dos Estados Unidos crescia mais rápido do que em outros países ocidentais, há um novo padrão nas últimas duas décadas. E ele se tornou particularmente evidente desde a crise econômica. A taxa de crescimento do custo com a saúde sofreu uma queda substancial desde 2000 em todos os países de alta renda, inclusive, nos Estados Unidos, no Canadá, na Grã-Bretanha, na França, na Alemanha e na Suíça, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (O.E.C.D., na sigla em inglês).

"Éramos diferentes", disse Louise Sheiner, da Instituição Brookings em Washington. "Mas desde 1990, somos mais ou menos a mesma coisa". A desaceleração sincronizada oferece motivos para o ceticismo em relação às explicações simples para as tendências em qualquer um dos países, sejam as mudanças locais nas práticas médicas ou as várias tentativas de diminuir o aumento do custo. A desaceleração também reduziu as pressões orçamentárias ao redor do mundo.

O que está por trás do padrão? O crescimento econômico ao redor do mundo industrializado tem sido lento em boa parte da última década, e o envelhecimento da população na maioria do mundo criou pressões fiscais sobre o orçamento da saúde. Mas essas forças econômicas e políticas – que por sua vez deixam os governos e as residências com menos dinheiro para pagar tratamentos médicos – não parecem ser as únicas causas.

Os sistemas de saúde do mundo também estão convergindo em formas importantes. As novas drogas e os avanços na medicina, que antes eram adotados localmente e se espalhavam mais lentamente, agora estão passando por lançamentos internacionais. As empresas de tecnologia médica estão cada vez mais globais, e recebem aprovação regulatória em muitos mercados de uma vez. As estratégias que podem reduzir a necessidade de internamentos caros em hospitais, tal como realizar cirurgias em clínicas ambulatórias, estão em expansão ao redor do mundo.

Dois estudos recentes destacaram a tendência. Um na Revista da Associação Médica Americana comparou os Estados Unidos com países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O seu autor, David Squires do Fundo Commonwealth, um grupo de pesquisa de Nova York, concluiu que as semelhanças no crescimento dos gastos indicaram que "os fatores que estimularam a desaceleração nos Estados Unidos também afetaram os outros países industrializados".

Outro estudo da O.E.C.D. constatou que o que diferencia os Estados Unidos dos outros países são os altos preços há muito pagos pelos cuidados médicos, e não a diferença no tratamento de pacientes. A crise econômica diminuiu a demanda de novos tratamentos médicos, conforme as pessoas perdiam o emprego e a cobertura, ou simplesmente decidiam adiar procedimentos eletivos, como próteses de joelhos. Épocas mais difíceis também provocaram o aperto das políticas estaduais e federais – e os empregadores, que cada vez mais migraram de planos de seguro generosos para os que impõem custos extras a seus funcionários.

O seguro de saúde expandido nos Estados Unidos incluiu novas pessoas, mas também cortou o gasto, a maioria dos cortes vinda de reembolsos mais baixos para os hospitais e para as seguradoras. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de tecnologias em medicina, novas e caras, diminuiu durante uma década mais ou menos. No mercado farmacêutico, muitas drogas de grande sucesso perderam a proteção da patente, e poucas medicações caras de mercado em massa surgiram para substitui-las. Muitas dessas mesmas forças afetam outros países. Eles também tiveram menos drogas, dispositivos e procedimentos novos para adotar. E suas economias sofreram com a recessão global.

Os outros países têm mecanismos políticos para a redução de gastos. A maioria deles tem sistemas regulatórios agressivos que permitem que funcionários do governo reduzam os gastos com a saúde quando as coisas se complicam. Mesmo assim, as semelhanças entre os países não são a mesma coisa que destino.

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