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A primeira grande discoteca silenciosa foi realizada na Inglaterra em 2005. Uma discoteca em Nova York | Benjamin Norman/The New York Times
A primeira grande discoteca silenciosa foi realizada na Inglaterra em 2005. Uma discoteca em Nova York| Foto: Benjamin Norman/The New York Times

Logo após o pôr do sol em uma recente sexta-feira, o que parecia ser um flashmob silencioso ou um grande jogo de mímica acontecia em uma praça isolada no South Street Seaport em Manhattan: umas 300 pessoas dançavam descontroladamente, sem música. Ou pelo menos, é o que parecia.

Havia na verdade três DJs duelando pela atenção da multidão, mas suas músicas eram ouvidas apenas por meio de fones de ouvido sem fio, com luzes vermelhas, azuis ou verdes piscando, dependendo do canal escolhido pelo participante.

Era uma discoteca silenciosa, um fenômeno que decolou como uma maneira de evitar reclamações sobre barulho e horário para acabar.

Esse é um clubbing para quem não quer se sujeitar à vontade de um DJ durante a noite toda e, porque o usuário controla o volume, é também o clubbing para aqueles que preferem não ter ouvidos zumbindo ou dor de garganta na manhã seguinte.

“Eu costumava ir a clubes, mas a música é muito alta. E se você não gostar da música, é só mudar a frequência”, disse Andre Coppedge, 38 anos, que veio de Allentown, na Pensilvânia, 150 quilômetros a oeste de Nova York.

Se a experiência isola ou integra depende do ponto de vista.

“É a isso que estamos reduzidos: dançar sozinhos”, disse Bernadette Gay, 56 anos, que, com os quadris rebolando e os fones de ouvido do iPhone saindo do bolso, poderia ser um anúncio clássico do iTunes.

E acrescentou: “Eu me lembro quando saiu o Walkmen. Ele isolava. Onde está a ligação?”

A primeira grande discoteca silenciosa aconteceu na Inglaterra, em Glastonbury, em 2005, pois seus organizadores lutavam contra as restrições de barulho.

Existem agora mais de uma dezena de empresas nos Estados Unidos organizando festas silenciosas.

Castel Valere-Couturier, fundador da South Off Experience, que comandou a discoteca em Nova York, tentou fazer uma na beira da praia em Israel. William Petz, fundador da Quiet Events, descobriu o evento em um cruzeiro para as Bermudas. “Minha namorada e eu ficamos, tipo, ‘parece bobo, mas o que mais podemos fazer em um navio?’” 

Ele rapidamente investiu em 350 fones de ouvido. Agora tem mais de 6 mil pares e compromissos em locais distantes, como a China.

Casamentos, especialmente aqueles em locais exóticos, são um novo mercado.

“Há pedidos de pessoas tentando fazer festas de casamento em lugares legais como Maui e Ilhas Cayman, onde você aluga uma villa e acha que tem carta branca, mas a festa tem que acabar às 9”, disse Ryan Dowd da Silent Events.

A mais recente fronteira é o fitness, com a malhação de alta intensidade, onde os fones de ouvido dispensam os gritos do instrutor. Em uma aula em Nova York, os alunos de balé do andar de baixo perguntaram se a aula de fitness havia sido cancelada, porque eles estavam acostumados a reclamar do hip-hop do DJ abafando seu Tchaikovsky.

Kim Scolaro, 31 anos, conhecida como DJ Kharisma, disse que o trabalho nas discotecas silenciosas é mais desafiador do que qualquer outro.

“Quando você é o único DJ pode fazer o que quiser, mas aqui você sempre tem que dar o máximo de si”, disse Kim, que trabalhou no evento de Seaport. Você aprende rápido quais músicas as pessoas gostam ou não, acrescentou.

De volta à pista de dança, um DJ grita, aparentemente sem ironia, “Vamos fazer barulho!” Uma linha de conga parecia se formar do nada, embora uma mudança rápida de canais revelasse que, na verdade, “Conga” de Gloria Estefan estava tocando.

“É divertidíssimo. Parece que você está cantando no chuveiro”, disse Nicole Lancia, 34 anos, uma das participantes.

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