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"Pare a Bomba", pintado em um trem por Lee Quiñones, está em exposição em uma galeria | HENRY CHALFANT
"Pare a Bomba", pintado em um trem por Lee Quiñones, está em exposição em uma galeria| Foto: HENRY CHALFANT

Alguns minutos antes do nascer do sol no Queens, um trem na Linha 7 parecia ter surgido de um passado distante. De cima a baixo, por dentro e por fora, o trem estava envolvido por camadas de publicidade em lâminas de vinil. O que antes eram os vagões padronizados do metrô foi transformado para parecer um vagão-restaurante.

"É o primeiro controle total de um trem na história da Empresa Metropolitana de Transportes", disse Carina Sayles, porta-voz da empresa que comprou os anúncios.

Nem tanto. Como aconteceu em 12 de maio de 1989, um trem rabiscado com grafite – de cima a baixo, por dentro e por fora – se arrastou de volta ao Brooklyn, a corrida final da era do grafite do metrô. Ela foi iniciada no começo dos anos 70, quando as composições em deterioração se tornaram a tela dos adolescentes. Os funcionários do sistema de transporte haviam gastado boa parte dos anos 80 e centenas de milhões de dólares limpando esses rabiscos, que variavam de caos riscados até murais gloriosos. Agora, trens inteiros estão disponíveis para redecoração – com um custo. "Custou cerca de meio milhão", declarou Sheraton Kalouria, o diretor de marketing da Sony Pictures Television.

A Sony fez uma reforma em um trem da Linha 7 para que ele se parecesse com o restaurante semificcional de "Seinfeld". A face de Kramer olha pela janela; um passageiro parece estar sentado ao lado de Elaine e George; e os bancos foram forrados para parecer couro sintético, embora eles ainda passem a sensação do plástico moldado familiar a milhões. Tudo isso está sendo feito para promover reprises de "Seinfeld" em Nova York, Kalouria disse.

"Você pode adquirir uma linha se tiver o capital", declarou Lee Quiñones, que começou a pintar trens em 1974 e acabou se tornando um exímio desenhista de parede com uma equipe de Brooklyn. "Eu tinha talvez 14 centavos aos 14 anos de idade".

Quiñones era celebrados na Europa, mas eram vistos como meros vândalos em casa. Norman Mailer foi altamente criticado por defender no livro "A Fé do Grafite" que o grafite não era uma praga, e sim arte pura. "A Cidade como Tela", uma exposição que vai até 24 de agosto no Museu da Cidade de Nova York, exibe esboços e plano de cores para muitas artes que sobrevivem como fotografias. E a galeria em City Lore apresenta "Murais Ambulantes: o Arquivo de Grafite de Toda a Cidade de Henry Chalfant e Martha Cooper", até 10 de julho. "Na época, disseram, ‘Foi errado fazer isso’," disse Quiñones, agora com 54 anos e artista de sucesso. "Bem, era errado a sociedade esquecer um monte de jovens". Ele acrescentou, "De uma necessidade, inventamos uma forma de arte".

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