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Inativo há anos, o órgão do Royal Festival Hall em Londres acaba de ser restaurado e as apresentações foram retomadas | Amy T. Zielinski/Getty Images
Inativo há anos, o órgão do Royal Festival Hall em Londres acaba de ser restaurado e as apresentações foram retomadas| Foto: Amy T. Zielinski/Getty Images

Ao lado do Royal Albert Hall há um edifício que ainda é chamado de Colégio Real de Organistas. Fundada em 1864, essa faculdade era grandiosa, tinha membros poderosos e provas de renome mundial.

Devido a problemas financeiros, a faculdade mudou-se para um lugar mais barato. E agora é o que sua presidente, Catherine Ennis, chama de "virtual": outra palavra para "sem-teto", uma situação triste nas vésperas de aniversário de 150 anos da instituição.

Ser organista hoje em dia, pelo menos no Reino Unido, é diferente do que foi no passado. Em meados do século 19, os organistas estavam no topo da hierarquia musical, graças à ligação com a igreja.

Segundo Ennis, seus ganhos médios eram até melhores que os de gerentes de banco e outros profissionais de classe média. E o chefe deles, com posto fixo na catedral, podia ganhar mais ainda.

Porém, tudo isso acabou. Com o declínio da religião organizada, organistas de paróquias recebem um salário modesto e a maioria dos que tocavam em catedrais se mudou para os Estados Unidos.

Fora do Reino Unido, há graus mistos de decadência. Na Alemanha, um sistema consolidado de tributos eclesiásticos pode garantir uma renda menor que antes, mas ainda suficiente para que a maioria das paróquias contrate músicos com um salário justo.

Ao contrário do Reino Unido, na França o papel tradicional dos organistas independe de coros fixos. Um exemplo disso são os enormes instrumentos do romantismo do século 19 das basílicas de Paris.

Os titulares desses colossos estavam entre os virtuosos da época, e isso se mantém até hoje. Embora seu salário seja menor, eles ainda atraem multidões para ouvir seus maravilhosos improvisos e têm admiradores que lhes conferem o estatuto de heróis.

Sem tributos eclesiásticos nem o reconhecimento dos organistas, o Reino Unido parece apresentar o pior cenário.

"Nossos problemas são óbvios", disse James O’Donnell, organista na Abadia de Westminster e ex-presidente do Colégio Real de Organistas, "e sabemos que precisamos fazer algo positivo em relação a eles, em vez de apenas erguer as mãos e lamentar."

Isso significa uma mudança nos objetivos da instituição. No passado, ela se concentrava em realizar os exames. Hoje, porém, a faculdade é uma espécie de central de divulgação, com uma gama mais ampla de atividades, como a RCO Academy, com programas para promover novos talentos.

Destes não há escassez, aliás. "Não estou tendo crise alguma para encontrar a próxima geração de organistas", comentou O’Donnell. "O problema é a escassez de empregos para que eles possam atuar profissionalmente."

Um fato positivo é que o órgão do Royal Festival Hall, desativado durante anos, reabriu após restauração minuciosa. A entrada de jovens e mulheres também deu frescor ao panorama.

"Para nós, o principal é sentir-se não como organistas, mas como músicos que tocam órgão", afirmou O’Donnell.

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