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Saiga e filhote mortos; em maio deste ano, mais de 120 mil indivíduos da espécie morreram na Ásia Central | Reuters
Saiga e filhote mortos; em maio deste ano, mais de 120 mil indivíduos da espécie morreram na Ásia Central| Foto: Reuters

Antes do final da última Era Glacial, as saigas vagavam aos milhões entre a Inglaterra e a Sibéria. Elas acabaram chegando às estepes da Ásia Central, onde continuaram a se proliferar —isso até o século 20, quando esses antílopes quase foram extintos.

Caçados por seus chifres, os animais tiveram 95% da sua população dizimada. Após a adoção de medidas rigorosas contra a caça predatória, o número de saigas se recuperou de 50 mil para cerca de 250 mil espécimes em 2014.

“Foi uma grande história de sucesso”, disse Eleanor Milner-Gulland, presidente da Aliança de Conservação da Saiga.

Hoje, esse sucesso está ameaçado. Em maio, uma misteriosa doença varreu os rebanhos remanescentes de saigas, enchendo as estepes de carcaças. Em questão de semanas, mais de metade das saigas do mundo foram dizimadas. “Perder 120 mil animais em duas ou três semanas não é normal”, disse Joel Berger, da ONG Wildlife Conservation Society.

Uma equipe internacional de biólogos agora está examinando os tecidos das saigas mortas, na esperança de descobrir o que as matou.

Na primavera, as saigas migram pelas estepes, e as fêmeas param apenas o tempo suficiente para dar à luz, geralmente dois filhotes por vez. As saigas são capazes de percorrer mais de 80 km por dia.

Os naturalistas chamam a atenção para seus enormes focinhos. “Na época do cio, o focinho do macho incha ainda mais, e em seguida eles abanam a cabeça e fazem um som ‘esguichado’”, disse Aline Kühl-Stenzel, da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres.

De tempos em tempos, as saigas enfrentaram mortandades. Em 2010, 12 mil animais pereceram por causas ainda incertas.

Em 13 de maio, Kühl-Stenzel começou a receber relatos de funcionários do governo cazaque sobre o início de outra mortandade. A de agora é dez vezes maior do que a de 2010.

Richard Kock, que trabalha no Royal Veterinary College, em Londres, se surpreendeu com a letalidade da doença. Uma vez que ela atinge um rebanho, todos os animais morrem.

Ele e seus colegas descobriram que as saigas foram infectadas por duas espécies de bactéria, a Pasteurella e a Clostridium. Mas Kock suspeita que as infecções só se tornaram fatais após algum outro fator ter afetado os animais. Então o que está matando as saigas?

Uma possibilidade é que um vírus desconhecido tenha varrido os rebanhos. As mudanças ambientais também podem ter contribuído. As fortes chuvas deste ano podem ter causado a proliferação de espécies vegetais que deixam as saigas perigosamente inchadas, por exemplo.

Além disso, nas últimas décadas, a Ásia Central sofreu uma intensa poluição química por fábricas e fazendas.

“Temos de fazer ciência e deixar que as evidências falem por si”, disse Kock.

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