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Lago Enriquillo se elevou, inexplicavelmente, engolindo árvores e antigas terras agrícolas produtivas na República Dominicana | Jason Henry/The New York Times
Lago Enriquillo se elevou, inexplicavelmente, engolindo árvores e antigas terras agrícolas produtivas na República Dominicana| Foto: Jason Henry/The New York Times

O maior lago do Caribe vem subindo dia após dia. O Lago Enriquillo engoliu o pomar de bananas de Juan Malmolejos e inundou as mangueiras e iúcas de Teodoro Peña.

A ameaça de o lago tomar Boca de Cachon é tão grande que o governo enviou o Exército para reconstruir a cidade de nível baixo em um ponto mais alto a alguns quilômetros de distância. Jose Joaquin Diaz acredita que o lago tomou a vida do seu irmão, Victor. Segundo ele, Victor se suicidou logo depois de voltar da vida no exterior e ver a fazenda de gado da família, fundada pelo seu avô, inundada.

"Ele não acreditava no que via", contou Jose. "É estranho ver as pessoas pescando onde ficava nosso gado. Victor não aguentou".

Há muitas teorias, porém, uma resposta conclusiva permanece fugaz quanto o motivo pelo qual esse lago e o Lac Azuei, do outro lado da fronteira no Haiti, se elevaram tanto. Os pesquisadores afirmam que a elevação pode ter poucos, se é que existem, precedentes no mundo inteiro.

Os lagos, vestígios salgados de um antigo canal oceânico e conhecidos por seus crocodilos e iguanas, sempre teve períodos de inundações e de seca, entretanto, os pesquisadores acreditam que nunca nessa proporção. As águas começaram a se elevar há uma década, e agora Enriquillo é quase o dobro do tamanho com 350 quilômetros quadrados, declarou Jorge E. Gonzalez, professor da Faculdade de Engenharia da Cidade de Nova York que está ajudando a liderar uma associação de cientistas que estudam o fenômeno. Azuei se elevou quase 40 por cento nesse mesmo período.

Os cientistas estão se concentrando nos padrões de mudanças climáticas como o principal culpado, com um perceptível aumento das chuvas na região atribuído ao aquecimento do Mar do Caribe.

Nos relatórios, eles observaram as tempestades carregadas de 2007 e 2008 que inundaram os lagos e as bacias hidrográficas que os alimentam, embora outros possíveis fatores determinantes também estejam sendo estudados, inclusive se surgiram novas nascentes subterrâneas.

"As pessoas falam de adaptação à mudança climática, bem, isso é o que está por vir, se vier", declarou Yolanda Leon, uma cientista dominicana.

O governo estima que 16 mil hectares das terras agrícolas foram perdidos, afetando milhares de famílias que perderam tudo ou parte do único meio de subsistência de iúca, banana e da criação de gado. Filas de casas com blocos cinza – 537 no total – estão sendo construídas na nova cidade, que terá um campo de beisebol, igreja, escolas e centros comunitários, parques e um heliporto.

Por enquanto, porém, na borda do lago em constante crescimento, os troncos fantasmagóricos das palmeiras mortas assinalam o local das fazendas submersas.

Junior Moral Medina, de 27 anos, que vive em Boca, planeja se mudar para a nova comunidade. Ele contemplou recentemente uma área onde tinha sido a sua fazenda, atualmente, uma piscina de água do lago cheia de palmeiras mortas.

"Tínhamos a preocupação de que toda a cidade iria desaparecer", disse o Medina, que agora trabalha no canteiro de obra da nova cidade. "Algumas pessoas a princípio não queriam deixar esta região, mas a água continuou subindo e espantou todo mundo".

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