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 | Viktor Koen
| Foto: Viktor Koen

De todas as doenças graves, a depressão tem se mostrado uma das mais difíceis de derrotar.

Apesar da variedade de medicamentos antidepressivos – hoje há 26 deles – apenas um terço dos pacientes com depressão grave experimenta uma remissão completa após a primeira rodada de tratamento, e tratamentos sucessivos com medicamentos diferentes trazem algum alívio para apenas outros 20 a 25 por cento deles.

Embora tenhamos aprendido muito sobre a depressão – por exemplo, a recente pesquisa que mostra que o sucesso do tratamento da insônia em pacientes deprimidos basicamente duplica a sua reação a uma droga como o Prozac – ainda não entendemos qual é a sua causa fundamental.

Agora, Audrey Gruss, a filantropa experiente e cheia de energia que criou a Fundação de Pesquisa Hope for Depression (esperança para a depressão), reuniu um grupo de neurocientistas com formação geral e clínicos para procurar soluções. (Ela não é a primeira a experimentar uma abordagem colaborativa; outras são sendo patrocinadas pela Fundação MacArthur e o Consórcio Pritzker.) "Um problema complexo como a depressão vai muito além do que um único cientista ou laboratório pode resolver", disse o líder do grupo na fundação Hope, Huda Akil, professora de neurociências e psiquiatria na Universidade de Michigan. Um dos principais objetivos da pesquisa é entender quais circuitos cerebrais e genes são alterados pela depressão, como o ambiente interage com esses genes, e como reverter as repetidas agressões biológicas da doença. Isso exigirá a integração de uma ampla gama de ferramentas, conforme explicou ela: a genômica, a epigenética, a eletrofisiologia, os modelos animais e a psiquiatria clínica.

Um dos membros do grupo, o dr. Joshua Gordon, professor associado de psiquiatria na Universidade de Columbia, em Nova York, estuda novos modelos animais da depressão por meio da gravação da atividade de regiões cerebrais em camundongos que estão envolvidas em comportamentos que lembram a depressão.

Depois de conversar com outra integrante do grupo, a dra. Helen S. Mayberg, neurocientista da Universidade Emory, Gordon modificou sua abordagem. Mayberg identificou um alvo para a estimulação profunda do cérebro em pacientes com depressão que têm resistência ao tratamento: uma região chamada córtex cingulado subgenual. Quando ela é diretamente estimulada com eletrodos em pacientes deprimidos que não conseguiram reagir a quase nenhum dos outros tratamentos, muitos deles mostram uma resposta positiva bastante vívida.

Mayberg pediu que Gordon ampliasse a região de gravação de modo a incluir o análogo da região do cérebro humano no camundongo, para que se pudesse captar de maneira mais abrangente a atividade dessas diferentes áreas do córtex e compreender como elas contribuem individualmente para comportamentos que lembram a depressão nesse animal. Outro membro do grupo, Bruce McEwen, neurocientista da Universidade Rockefeller, em Nova York, que realizou um trabalho pioneiro sobre os efeitos do estresse sobre o cérebro, está estudando ratos de laboratório de Akil que foram geneticamente selecionados por sua propensão para mostrar comportamentos que lembram a depressão.

McEwen está usando esses ratos para estudar a eficácia de medicamentos que têm o potencial de agir rapidamente contra a depressão. A psiquiatria precisa de tratamentos que possam aliviar os sintomas de depressão e o risco de suicídio que os acompanham em muito menos tempo do que as duas a seis semanas de que todos os antidepressivos atuais necessitam para surtir efeito. Filantropos e empresários têm ajudado a abrir um caminho promissor para a neurociência: a colaboração entre pesquisadores capazes de assumir riscos e resolver problemas.

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