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A estudante chinesa Joyce Ge, aluna do King’s College, paga £880 mensais por sua quitinete. | Andrew Testa/The New York Times
A estudante chinesa Joyce Ge, aluna do King’s College, paga £880 mensais por sua quitinete.| Foto: Andrew Testa/The New York Times

A chinesa Joyce Ge cursa administração de empresas no King’s College e paga £880 mensais (R$ 4.100), para viver em uma quitinete minúscula e estilosa na extrema zona leste de Londres, em um prédio com deque na cobertura a partir do qual se tem uma vista do horizonte urbano distante. O aluguel também cobre água e eletricidade, além de Wi-Fi e a faxina dos espaços comuns a cada 15 dias.

Vários investidores estão apostando na chegada de muitos outros estudantes estrangeiros nos próximos anos. A aposta se baseia em um cálculo simples: à medida que estudantes das crescentes classes média e alta mundiais vão para Londres em busca de ensino superior, vai aumentar o desnível entre oferta e demanda de moradias para estudantes.

O alojamento para estudantes é um setor quentíssimo do mercado imobiliário londrino e está levando fundos internacionais de pensões, firmas de private equity e empresas imobiliárias de grande porte a construir ou vender grandes portfólios de edifícios com lucros consideráveis.

Graças ao interesse intenso dos investidores, os valores de muitos desses portfólios vêm crescendo (e, consequentemente, os rendimentos vêm caindo).

Já foram fechados este ano negócios no valor aproximado de £3,5 bilhões (R$ 16,3 bilhões), mais que o dobro do valor de 2014, segundo a firma de consultoria imobiliária JLL.

“O volume cresceu de modo dramático, e os valores por leito subiram significativamente”, comentou Philip Hillman, diretor de alojamento estudantil na JLL. Entre as transações estão a aquisição da Liberty Living por £1,1 bilhão (R$ 5,11 bilhões) pelo Conselho Canadense de Investimentos em Planos de Pensão.

Anteriormente, as universidades forneciam alojamento aos estudantes, ou estes se reuniam para alugar imóveis juntos. Os alojamentos eram de baixo padrão, e “serviço ao consumidor não era um conceito levado em conta”, segundo um investidor.

Mas nos anos 1990 o setor privado começou a participar. Nasceram empresas que construíam imóveis e então os administravam, e elas cresceram. Algumas se endividaram em excesso.

Durante a crise financeira, firmas de private equity como Blackstone e Carlyle chegaram para adquirir esses imóveis. Elas construíram portfólios de moradias estudantis e criaram a escala suficiente para atrair investidores institucionais.

O Reino Unido tem 1,8 milhões de estudantes em tempo integral, somando britânicos e estrangeiros. Mas existem apenas 525 mil leitos disponíveis em alojamentos estudantis construídos para essa finalidade.

Os aluguéis vêm subindo entre 3% e 4% ao ano, com índices de ocupação dos imóveis em 97% a 99%. Os investidores dizem que o crescimento é robusto e praticamente à prova de recessões.

O índice de aumento dos estudantes internacionais foi de 20,3% em cinco anos, comparado com 8,3% para estudantes da União Europeia e cerca de 1% para os estudantes britânicos.

As universidades estão ansiosas por atrair estrangeiros, porque eles pagam mais pelo ensino. E os provedores de alojamento dizem que eles também pagam muito mais pela habitação.

Os estudantes britânicos estão preocupados.

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