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Em 1895 os irmãos Louis e Auguste Lumière patentearam o cinematógrafo. Operários da fábrica Lumière na época | /Instituto Lumière
Em 1895 os irmãos Louis e Auguste Lumière patentearam o cinematógrafo. Operários da fábrica Lumière na época| Foto: /Instituto Lumière

Muito tempo antes do processo exaustivo de documentação e partilha on-line dos momentos de nossas vidas, houve dois irmãos cujas inovações abriram a porta para o futuro.

Uma exposição no Grand Palais em Paris celebra os irmãos Lumière, Louis e Auguste, cujo sobrenome significa “luz” e que ajudaram a inventar o cinema como o conhecemos, a fotografia a cores e a tecnologia 3D.

A mostra coincide com os 120 anos da primeira sessão de cinema para um público pagante, na qual foi mostrado um filme granuloso em preto e branco que mostrava trabalhadores saindo da fábrica Lumière, que produzia equipamentos fotográficos.

A exposição “Lumière! Inventando o Cinema” ficará aberta até 14 de junho, exibindo os primeiros filmes dos irmãos, restaurados pelo Instituto Lumière, de Lyon, além de exemplos da tecnologia dos primórdios do cinema —cinetoscópios, zootrópios— e documentação sobre a expansão do cinema no início do século 20.

Ela capta um tempo marcado pelo otimismo, quando os espectadores tiveram acesso a imagens de todo o mundo, antes da grande matança da Primeira Guerra Mundial. Além disso, a mostra procura apresentar os irmãos Lumière em seu contexto.

Muitos inovadores fizeram experimentos com imagens naquela época, incluindo Thomas Edison, nos Estados Unidos.

Mas foi Louis Lumière quem inventou em 1894 o cinematógrafo, aparelho que captava filmes de 17 metros (de cerca de 50 segundos de duração cada) em faixas de 35 milímetros e os projetava. Ele patenteou o aparelho em 1895.

“Ele foi o último dos inventores, mas o primeiro cineasta”, comentou Thierry Frémaux, diretor do Instituto Lumière. “Louis Lumière foi um grande cineasta. Há algo de extremamente cinematográfico nos filmes criados por ele e seus cinegrafistas.”

Os dois irmãos eram inventores, mas o viés de Auguste era mais científico, enquanto Louis gostava de criar filmes.

Assim que a tecnologia deles se enraizou, eles despacharam uma equipe de cineastas novatos por todo o planeta para documentar o mundo conhecido: cenas de rua no Japão e em Budapeste, perfuração petrolífera no Azerbaijão, fumadores de ópio na Indochina, camponeses no México.

O farmacêutico Gabriel Veyre foi um dos cinegrafistas mais ativos a trabalhar para os Lumière. Em 1896 ele filmou e exibiu as primeiras projeções no México.

Da Cidade do México, ele escreveu uma carta à sua mãe na França, contando: “Todo o mundo exclamava ‘muy bonito!’. Que lindo, que lindo!”

A mostra inclui cartas escritas por outro cinegrafista, Constant Girel, que fez os primeiros filmes na Polinésia e no Japão, e por Marius Chapuis, que partiu para a Rússia em 1896, aos 18 anos, e exibiu o primeiro filme em Odessa (cidade atualmente da Ucrânia).

Os 1.500 filmes dos Lumière e de seus cinegrafistas incluem filmes de reportagem e de ficção, como “Pierrot e a Mosca”, rodado por Louis Lumière em 1896.

Todos eles estão sendo exibidos na mostra em um telão que ocupa uma parede inteira.

A história dos irmãos Lumière é também a de dois empreendedores sagazes. O pai deles, Antoine, era pintor de placas e tornou-se fotógrafo retratista.

Em 1881, aos 17 anos, Louis descobriu uma maneira de captar imagens sobre chapas secas com brometo gelatinoso de prata. Antoine criou uma empresa para manufaturar o produto.

A mostra inclui uma maquete do Salon Indien, no elegante Hotel Scribe, em Paris, onde dez filmes dos Lumière integraram o programa da primeira sessão pública de cinema de todo o mundo, no ano de 1895.

“Lumière inventou a sala de cinema”, disse Frémaux. “É claro que podemos assistir a filmes em iPhones, em relógios —ótimo. Mas a sala de cinema é algo incomparável.”

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