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“Frozen – Uma Aventura Congelante” foi o sucesso que a Disney esperava, rendoso fenômeno cultural | Walt Disney Pictures
“Frozen – Uma Aventura Congelante” foi o sucesso que a Disney esperava, rendoso fenômeno cultural| Foto: Walt Disney Pictures

O encontro na Walt Disney Animation no dia três de março deveria ser uma comemoração animada. O estúdio conquistou a validação máxima pelo renascimento criativo que tanto buscou: "Frozen – Uma Aventura Congelante", seu conto nórdico sobre duas irmãs e um homem de neve piadista, ganhou dois Óscares no dia anterior e atravessou a barreira de um bilhão de dólares na bilheteria global.

Entretanto, a festa acabou ficando séria, quando os executivos da Disney ficaram impressionados ao relembrar até que ponto o estúdio chegou na transição para as filmes feitos em computador. "Muitos falavam em fechar esse lugar", afirmou John Lasseter, diretor criativo da Pixar e da Disney Animation, com os olhos cheios de lágrimas. "E nós dissemos: ‘Não enquanto estivermos por aqui. Jamais permitiremos que isso aconteça’".

Ganhar um Oscar é um grande feito para qualquer companhia cinematográfica, mas as honras de "Frozen" têm um peso especial para a Disney. Desde que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas criou a categoria de melhor longa de animação em 2001, a Pixar dominou a categoria, vencendo sete vezes. Concorrentes como a DreamWorks Animation ganharam todos os outros anos.

Nunca ter ganhado era uma tremenda humilhação para diversos artistas da Disney, o local onde a arte da animação de massa basicamente nasceu e que criou clássicos do nível de "Dumbo", "Cinderella" e "O Rei Leão".

Com "Frozen", que também faturou o Oscar de melhor canção original por "Let It Go", a Walt Disney Animation pode dizer que voltou ao páreo. Os prêmios também representam um retorno pela aposta arriscada que a Disney fez ao adquirir a Pixar em 2006 por 7,4 bilhões de dólares. Dois dos fundadores da Pixar, Lasseter e Edwin E. Catmull, ficaram a cargo do futuro do estúdio da Disney, onde as dispensas e os fracassos criativos resultaram em uma crise de confiança.

Os filmes desenhados à mão da Disney passaram a ser vistos como ultrapassados, `a medida que Hollywood e o público começavam a dar preferência aos filmes animados por computador. A Disney também ficou insegura com sua forma de narrar, temendo que até mesmo os espectadores mais jovens já não apreciassem mais seus contos de fadas animados. Uma série de novos filmes, incluindo "A Família do Futuro" e "O Galinho Chicken Little", não foi capaz de impressionar o público.

A ansiedade no estúdio de animação crescia com a chegada da poderosa Pixar como parceira corporativa, recordou Andrew Millstein, gerente geral da Walt Disney Animation, quando falou com seus cerca de 800 colegas reunidos. "Havia um pouco de medo no are até um pouco de inveja".

Talvez a Walt Disney Animation tivesse problemas demais para resolver?

Robert A. Iger, que orquestrou a aquisição da Pixar depois de assumir como executivo-chefe da Disney em 2005, não pensava assim. Ele pediu para que Lasseter e Catmull entrassem em ação. Os dois, ao lado de Millstein e Alan Bergman, presidente da operação de filmes da Disney, começaram exigindo o reinício imediato de um projeto parado que veio a se tornar "Bolt - Super Cão". O filme faturou modestos 310 milhões de dólares nas bilheterias mundiais em 2008.

Então foi a vez de "A princesa e o Sapo", um musical sem muitas canções memoráveis e que desapontou nas bilheterias, faturando apenas 267 milhões de dólares, ou menos do que os custos de produção e distribuição. Entretanto, o filme bem recebido pela crítica deu à Disney sua primeira princesa negra.

Porém, o lançamento de "Enrolados" em 2010 finalmente começou a revelar alguma novidade criativa; as mudanças operacionais que Lasseter e Catmull colocaram em prática estavam funcionando. "Enrolados", uma nova versão cara e semi-musical de "Rapunzel", faturou 592 milhões de dólares. No ano passado, "Detona Ralph", que faturou 471 milhões de dólares, se tornou um sério candidato ao Oscar, perdendo por pouco para "Valente", da Pixar.

Os maníacos pela Disney começaram a se referir à reviravolta promovida por Lasseter e Catmull como a "segunda renascença", uma referência ao período fértil pré-Pixar nos anos 1990, quando a Walt Disney Animation criou megahits musicais como "A Bela e a Fera" e "O Rei Leão".

Entretanto, a nova Walt Disney Animation ainda não tinha um hit de verdade, um filme que não apenas gerasse um faturamento histórico nas bilheterias, mas também se tornasse um fenômeno cultural.

Agora é a vez de "Frozen – Uma Aventura Congelante". Dirigido por Chris Buck e Jennifer Lee, que baseou o roteiro em "A Rainha da Neve", de Hans Christian Andersen, e produzido por Peter Del Vecho, o filme cativou especialmente mulheres e meninas, milhares das quais começaram a postar vídeos de si mesmas cantando "Let It Go". A trilha sonora, com canções escritas por Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez, passou cinco semanas entre os cinco álbuns mais vendidos da Billboard, ganhando do novo lançamento de Beyoncé.

"Sabíamos que vocês tinham esse potencial", afirmou Catmull no evento de 3 de março, com a voz embargada. "Mas não sei se todos tinham consciência disso".

Lasseter foi ainda mais longe: "Deixem aquilo tudo para trás", aconselhou à multidão a respeito do período ruim enfrentado pelo estúdio. "Nunca mais voltaremos para lá".

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