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Os dois melhores times de Gaza e da Cisjordânia jogaram pela primeira vez em 15 anos. Milhares de torcedores vibraram pelos dois | Wissam Nassar/The New York Times
Os dois melhores times de Gaza e da Cisjordânia jogaram pela primeira vez em 15 anos. Milhares de torcedores vibraram pelos dois| Foto: Wissam Nassar/The New York Times

Enquanto membro da seleção palestina de futebol, Alaa Attiyah rodou o mundo, jogando em mais de 20 países.

Porém, durante anos, Attiyah, 24 anos, também jogador do principal clube de Gaza, não podia fazer uma viagem de 60 quilômetros até a Cisjordânia.

Israel tem restringido as viagens de e para Gaza desde o estouro da intifada em 2001. Para Attiyah, isso significou menos ofertas para jogar pelos principais times daqui, impedindo que ele representasse a seleção nas partidas realizadas na Cisjordânia. Ele disse ter tentado mais de 12 vezes obter permissão para atravessar Israel e entrar na Cisjordânia, sempre sem sorte.

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“Enquanto jogador de futebol, eu não sei por que sou considerado perigoso”, declarou Attiyah.

Entretanto, em 14 de agosto, Attiyah e seu time, Ittihad Shejaiya, puderam ir jogar na Cisjordânia pela final da Copa da Palestina, a primeira vez que o torneio entre as duas melhores equipes de Gaza e da Cisjordânia é realizado em 15 anos.

Milhares de torcedores compareceram ao jogo, cantando para apoiar o Ittihad Shejaiya e o clube de Hebron, Ahli al-Khalil.

“Shejaiya está pegando fogo”, eles berravam enquanto o Ittihad Shejaiya tinha a posse da bola. A seguir, a multidão explodia em cantos de “Ahli! Ahli! Ahli!” enquanto o time de Hebron parecia prestes a marcar. O fato de a final da Copa da Palestina ser jogada ofereceu um raro momento de celebração no qual palestinos dos dois lados de um esperado futuro Estado puderam se encontrar.

“Eu torço pelos dois times”, disse um espectador, Mohammad Yahya, 34 anos. “É um país só, e os dois irão representar a Palestina se vencerem”, ele explicou. “É uma celebração para a Palestina, para todos nós.”

As restrições para viajar de e para Gaza foram intensificadas depois que o Hamas ganhou as eleições palestinas em 2006 e, novamente, depois que este tomou o controle de Gaza, em 2007, expulsando combatentes leais ao partido rival Fatah. Desde então, as restrições foram relaxadas em certa medida.

A partida recente foi o fruto de um longo esforço de palestinos buscando destacar as restrições de Israel sobre sua liberdade, como parte de uma iniciativa maior de responsabilizar o país vizinho pelo tratamento aos palestinos em fóruns internacionais. A campanha liderada por um político palestino, Jibril Rajoub, para a Fifa suspender Israel provocou grande aflição em terras israelenses, onde o futebol é a paixão de muitos.

Em maio, Israel aceitou facilitar a passagem de jogadores de futebol para dentro e fora de Gaza, retirou as tarifas sobre importação de equipamento esportivo e ajudou a construir campos e outras instalações na Cisjordânia e na Faixa de Gaza depois que Rajoub fez o pedido de suspender Israel da Fifa. Isso permitiu que o time de Hebron, Ahli al-Khalil, viajasse a Gaza para disputar a primeira partida da final, num empate sem gols, em seis de agosto, encarada por muitos como uma celebração nacional.

“Esse jogo é como uma partida nacional de casamento, e os noivos estão apaixonados”, disse Abdul-Latif Rafati durante o jogo no Estádio Yarmouk, Cidade de Gaza, abarrotado com oito mil torcedores.

Para muitos palestinos, as partidas representam uma demonstração importante de unidade em meio à divisão política entre os dois territórios palestinos que dura anos, além de complicar a esperança palestina de obter soberania nacional.

A equipe de Hebron, Ahli al-Khalil, ganhou pelo placar de dois a um. Attiyah anotou o único gol de Gaza. Os jogadores de Hebron deram a volta olímpica para comemorar. Os torcedores gritavam, batendo tambores; outros dançavam.

Logo, os torcedores começaram a cantar para consolar: “Com nossas almas! Com nosso sangue! Vamos nos sacrificar por você, Shejaiya!”.

Colaborou Majd Al Waheidi

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