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Orientar os números espacialmente pode ser uma estratégia cognitiva inata e universal | Rosa Rugani/University of Padova
Orientar os números espacialmente pode ser uma estratégia cognitiva inata e universal| Foto: Rosa Rugani/University of Padova

Se pedirmos para qualquer um contar de 1 a 10, a maior parte das pessoas vai imaginar uma linha reta com o 1 na esquerda e o 10 na direita.

Essa “linha numérica mental”, como foi batizada pelos pesquisadores, está tão arraigada que alguns cientistas argumentam que a representação espacial de números está diretamente conectada ao cérebro, e é parte de um sistema numérico primitivo inerente à capacidade matemática dos seres humanos.

Agora, pesquisadores italianos descobriram que os pintinhos parecem mapear os números espacialmente, assim como os humanos.

Os pintinhos, treinados para procurar larvas atrás de painéis de plástico branco impressos com números diferentes de quadrados vermelhos idênticos, repetidamente demonstraram uma preferência pela esquerda quando o número de quadrados era pequeno, e para a direita quando o número era maior. A pesquisa, liderada pela psicóloga Rosa Rugani, que na época estava na Universidade de Pádua, apareceu na revista Science.

Os pesquisadores disseram que os resultados apoiaram a ideia de que a orientação esquerda-direita dos números é inata, e não determinada por cultura ou educação — uma possibilidade que foi levantada por alguns estudos que descobriram que nos países de língua árabe, onde letras e números são lidos da direita para a esquerda, a escala numérica mental era invertida. Porém, a nova pesquisa, escreveram Rosa e seus colegas, indica que orientar os números no espaço pode representar “uma estratégia cognitiva universal que aparece logo após o nascimento”.

Tyler Marghetis da Universidade da Califórnia, em San Diego, disse: “Nosso cérebro evoluiu para lutar e encontrar comida, não para fazer o cálculo. Por isso, uma das esperanças desse tipo de pesquisa é de que ela vá nos dizer algo sobre os blocos de construção básicos que acessamos para a construção de conceitos mais humanos”.

Marghetis disse que os estudos só demonstraram que os pintinhos associaram quantidades menores ou maiores com esquerda ou direita, não que representavam números precisos em uma linha mental. E advertiu contra a conclusão precipitada de que eles apresentam as mesmas habilidades complexas dos seres humanos.

A determinação de quantidades, quer seja de comida disponível quer seja de predadores que estão próximos, é uma ferramenta importante para a sobrevivência. E muitas espécies não humanas — incluindo galinhas, macacos e até mesmo alguns peixes — têm alguma habilidade para contar, embora isso possa ser uma capacidade de distinguir magnitudes numéricas aproximadas, e não números precisos.

Estudos com seres humanos indicam que, quando há uma tarefa que envolve números, as pessoas automaticamente criam uma escala mental, usando um número como uma referência, colocando números menores que esse à esquerda e os maiores, à direita. A nova pesquisa sugere que alguma versão disso pode ser verdadeira para as galinhas. “Não podemos pensar em qualquer outra explicação, nem mais simples, para o comportamento dos pintinhos do que assumir que o número usado no treinamento foi 1) lembrado e 2) comparado com o número visto no teste”, disse Rosa Rugani por e-mail.

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