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Esta é uma época sensacional para o Vale do Silício.

Pessoas de vinte e poucos anos estão dizendo não para acordos que tornariam até mesmo seus bisnetos ricos além da imaginação. Eles têm confiança de que o futuro lhes reserva ofertas ainda melhores.

"Cara, isso aqui parece cada vez mais com 1999", tuitou Bill Gurley, um dos maiores investidores de risco do Vale. "Os riscos estão sendo tremendamente ignorados."

Isso foi em maio, pouco depois que sua empresa, a Benchmark, realizou um investimento de 13,5 milhões de dólares no Snapchat, o site de fotos que tem milhões de usuários adolescentes, mas nenhum faturamento.

O Snapchat, de apenas dois anos, rejeitou uma oferta bilionária do Facebook e, possivelmente, uma oferta ainda maior do Google em novembro. No papel, isso representaria um retorno de 40 vezes sobre o investimento da Benchmark em menos de um ano.

A Benchmark é uma das empresas de capital de risco prediletas, por trás não somente do Snapchat, mas também do serviço de compartilhamento de fotos Instagram (vendido por um bilhão de dólares ao Facebook), o serviço de compartilhamento de caronas Uber (avaliado em 3,5 bilhões de dólares) e do Twitter (22 bilhões). Dez de suas empresas abriram o capital nos últimos dois anos.

Isso tem atraído muita atenção e alguma preocupação velada. No Vale do Silício, pode ser que ainda não tenhamos voltado a 1999, mas aquele ano fatídico – um momento em que ninguém pensava correr risco, mesmo com as ideias mais loucas – já pode ser visto no horizonte, se aproximando cada vez mais.

Ninguém por aqui se importaria com outro 1999, para dizer a verdade. Conforme um famoso adesivo de para-choque diz no Vale do Silício: "Por favor, Deus, só mais uma bolha". Mas, naturalmente, subidas rápidas são seguidas de quedas ainda mais rápidas.

"Todas as atividades comerciais são movidas ou pelo medo, ou pela ganância e o Vale do Silício está entrando em um momento no qual a ganância pode estar em ascensão", afirmou Josh Green, capitalista de risco que dirige a Associação Nacional de Capital de Risco.

Para a Benchmark, isso significa caminhar pelos limites entre prever o futuro – algo natural para todos no Vale do Silício – e exagerar nas previsões.

John Backus, um dos fundadores da New Atlantic Ventures, afirma que o cenário lembra mais o de 1996: as coisas estão começando a ficar animadas.

O financiamento no terceiro trimestre cresceu repentinamente, e foi 17 por cento maior do que na mesma época de 2012. "Acredito que esse seja o melhor momento desde 1999 para ser capitalista de risco", afirmou Backus. Ele espera que os retornos para os capitalistas de risco, que têm sido péssimos desde o estouro da bolha, melhorem este ano.

Melhores retornos influenciariam fundos de pensão e outros grandes investidores a darem mais dinheiro aos capitalistas de risco, o que, por sua vez, aumentaria o volume de acordos.

"Eu ficaria muito assustado se, de uma hora para a outra, o setor arrecadasse 100 bilhões de dólares", afirmou Backus. "Mas eu não sei como interromper essa tendência. O fator ganância entra no negócio e todo mundo quer aproveitar um pouco da ação."

Quando a notícia do Snapchat começou a correr, Gurley não postou mais referências a 1999, o ano que o setor do capital de risco ficou maluco e a valorização de empresas sem faturamento, como o Snapchat, cresceram a níveis inimagináveis. Ao invés disso, ele divulgou o serviço.

Metade do Vale do Silício argumenta que o Snapchat é uma tendência que vai passar. Talvez ele se junte a nomes como o Google ou o Yahoo. Ou talvez fique na história como o Pets.com.

"Não acredito que seja possível voltar aos idos da década de 1990 – nem deveria ser", afirmou Green. "Mas no capital de risco vivemos em um mundo alfa, em que tudo depende dos riscos que corremos e isso não tem como dar certo."

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