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Vista de Doha, no Qatar; muitos sírios trabalham em países ricos do golfo Pérsico, mas não recebem cidadania nem ajuda financeira | Christof Koepsel/Getty Images
Vista de Doha, no Qatar; muitos sírios trabalham em países ricos do golfo Pérsico, mas não recebem cidadania nem ajuda financeira| Foto: Christof Koepsel/Getty Images

Os países árabes do golfo Pérsico estão entre as nações com maior renda per capita do mundo. Seus governantes falam inflamadamente sobre o drama dos sírios, e os seus meios de comunicação estatais cobrem sem parar a guerra civil da Síria.

No entanto, enquanto milhões de sírios definham em outras partes do Oriente Médio e milhares arriscam suas vidas para chegar à Europa, os países do Golfo se dispuseram a receber apenas um pequeno número de refugiados.

Com a Europa sobrecarregada pela crise migratória, cresceram as críticas de que os países mais ricos do mundo árabe não estão fazendo sua parte. Também foram censuradas as atuações de nações como Qatar e Arábia Saudita, que nos bastidores apoiam rebeldes que combatem o ditador sírio, Bashar al-Assad.

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“O compartilhamento do ônus não tem significado algum no golfo, e a abordagem da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes e do Qatar tem sido assinar o cheque e deixar os outros resolverem”, disse Sarah Leah Whitson, da ONG Human Rights Watch.

Há centenas de milhares de sírios no golfo, onde a vasta riqueza petrolífera e as pequenas populações locais atraem trabalhadores de nações árabes mais pobres. No entanto, aqui eles não recebem as proteções e ajudas financeiras que acompanham o status oficial de refugiado ou asilado nem um caminho para a futura cidadania.

Autoridades e analistas do golfo rejeitam as críticas, alegando que seus países têm financiado generosamente a ajuda humanitária e que permitir que os sírios trabalhem é melhor do que deixá-los sem nada para fazer em campos de refugiados miseráveis ou em países que já enfrentam dificuldades econômicas. “Se não fosse pelos Estados do golfo, os sírios estariam em uma situação muito mais trágica do que estão”, disse Abdulkhaleq Abdulla, professor de ciência política nos Emirados Árabes Unidos, país que, segundo ele acolheu mais de 160 mil sírios nos últimos três anos.

Outros se ofendem com as críticas dos EUA e do Ocidente em geral, acusando-os de deixar o conflito supurar durante mais de quatro anos, enquanto as forças de Al Assad mobilizavam armas químicas e bombardeavam áreas civis. “Por que só há questionamentos a respeito da posição do golfo, mas não a respeito de quem está por trás da crise?”, perguntou Khalid al Dakhil, professor da Universidade Rei Saud, em Riad, na Arábia Saudita.

Os países do golfo de fato contribuem para a ajuda humanitária. A Arábia Saudita destinou US$ 18,4 milhões à iniciativa da ONU para a Síria neste ano, e o Kuait deu mais de US$ 304 milhões, tornando-se o terceiro maior doador mundial para essa causa. Os EUA, para efeito de comparação, doaram o maior montante, US$ 1,1 bilhão, e aceitaram receber cerca de 1.500 sírios.

Para muitos sírios, o golfo evita tomar qualquer ação que possa comprometer seu elevado padrão de vida. “Sabemos que o golfo poderia receber refugiados sírios, mas eles nunca responderam”, disse Omar Hariri, sírio que fugiu recentemente para a Turquia em um bote inflável, com a mulher e a filha de 2 anos. “Eles ajudam os rebeldes, não os refugiados”, afirmou.

Michael Stephens, diretor do Real Instituto de Serviços Unidos, no Qatar, disse que muitos países do golfo não souberam como reagir. “Os árabes do golfo estão acostumados com a ideia de que o Ocidente sempre irá intervir para resolver o problema, e desta vez não foi assim”, disse.

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