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Adrian Du Bois, à esquerda, e Victor Prada em “El Limpiador”, filme do diretor peruano Adrián Saba | Flamingo Films
Adrian Du Bois, à esquerda, e Victor Prada em “El Limpiador”, filme do diretor peruano Adrián Saba| Foto: Flamingo Films

"Não somos um país grande", afirmou o diretor Drasko Djurovic em sua casa em Montenegro. "Temos o tamanho do Bronx." Por isso, ele ficou muito feliz por fazer parte da premiação do Oscar. "Isso significa que terei grandes oportunidades para projetos no futuro."

O diretor peruano Adrián Saba concordou. "As pessoas ouvem a palavra ‘Oscar’ e tudo muda."

O mesmo vale para o Equador, afirmou o cineasta Javier Andrade: "Essa palavra deixa as pessoas loucas, mas isso é algo saudável para nós".

Nenhuma dessas pessoas ganhou um Oscar de melhor filme estrangeiro. Na verdade, eles nem chegaram à lista dos finalistas que é liberada pela Academia antes do anúncio dos cinco indicados ao prêmio, divulgada em dezembro.

Mas seus filmes – "As Pik" (ás de espadas) de Montenegro; "El Limpiador" (o limpador), do Peru; e "Mejor no hablar de ciertas cosas" (é melhor não falar de certas coisas) do Equador – foram selecionados para representar oficialmente seus países na 86a disputa anual do Oscar. Isso pode ter consequências espantosas. Conforme afirma Tom Bernard, copresidente da Sony Pictures Classics: "Uma indicação ao Oscar é incrivelmente importante para o país de onde vem o filme. E se o filme ganha, eles comemoram como se fosse uma Copa do Mundo".

Mas isso custa bem caro: levar um representante a se tornar um concorrente real custa muito dinheiro, e cineastas de países pobres frequentemente apelam à organização nacional de cinematografia, a produtores, agentes, festivais e até mesmo à comissão nacional de turismo para aumentarem suas chances.

"Uma campanha decente custa ao menos 50 mil dólares", afirmou Tatiana Detlofson, publicitária de Los Angeles que cuida de campanhas internacionais do Oscar há 13 anos. "As muito boas, como de países como a Bélgica e a Alemanha, 200 mil dólares." Propagandas em revistas como a Variety e a Hollywood Reporter são básicas. Detlofson afirmou que apenas algumas propagandas já consomem um terço do orçamento.

Existem também as exibições. Embora os membros da Academia de Artes e Ciências do Cinema possam ver cada indicado ao Oscar em Hollywood, existem outras possibilidades de exposição: a Variety, o Los Angeles Times e o site The Wrap fazem séries importantes com os filmes que esperam conseguir uma indicação ao Oscar, cada uma custando cerca de 10 mil dólares por filme, incluindo entrevistas após a sessão e propagandas. Existem taxas para publicitários, convites e até mesmo brindes e bugigangas.

Saba afirmou que o orçamento fornecido pela PromPeru, uma organização que promove a cultura peruana, foi de 32 mil dólares. Andrade afirmou que o orçamento que arrecadou no Equador foi de 120 mil. E Djurovic tinha o suficiente para exibir o filme em Los Angeles (pouco mais de 2 mil dólares) e uma passagem de ida e volta de Montenegro (onde o seu filme é o primeiro a representar o país no Oscar).

Vale a pena gastar mais de 100 mil dólares em uma campanha para um Oscar que você não vai ganhar? Provavelmente não, afirmou Kathleen McInnis, estrategista de festivais e consultora de publicidade que trabalhou com o filme de Saba em Los Angeles. "Vale a pena gastar 50 mil? Provavelmente sim, caso você esteja investindo em sua carreira de cineasta." Mas isso não é demais para chamar um pouco de atenção? Essa é uma questão difícil de responder, afirmou.

"Não acredito que já tenha visto uma campanha de propaganda ajudar um filme estrangeiro a chegar à lista dos finalistas", afirmou Michael Barker, copresidente da Sony Pictures Classics ao lado de Bernard. Na categoria de melhor filme estrangeiro, os dois contabilizam 12 vitórias e 32 indicações ao longo dos 33 anos da empresa. "Essa é uma categoria muito diferente das outras. Duvido que esse tipo de campanha funcione."

Porém, ganhar o Oscar talvez não seja a única razão para concorrer.

"Essa também é a época do ano em que Hollywood está prestando atenção aos filmes estrangeiros", afirmou McInnis. "Isso significa que posso levar meu cineasta a um público que jamais teria a oportunidade de assistir seu filme em outra ocasião, levá-lo a reuniões com agentes e empresários pelo simples fato de ele ter sido escolhido para representar seu país. Posso apresentá-lo para muita gente, não tanto por conta do filme atual, mas para ajudá-lo a produzir outros no futuro."

Andrade parecia ser a típica pessoa a concorrer por um Oscar pela primeira vez: ele fez uma série de exibições, passou por diversas entrevistas e reuniões e não tinha muita certeza da razão de tudo isso. "Parece que as pessoas estão animadas", afirmou. "Você nunca sabe se atingiu seu objetivo, não tem ideia se aquilo está prejudicando ou ajudando."

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