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Ebba Akerman organiza jantares para facilitar os encontros entre imigrantes e suecos | Casper Hedberg para The New York Times
Ebba Akerman organiza jantares para facilitar os encontros entre imigrantes e suecos| Foto: Casper Hedberg para The New York Times

No ano passado, quando Ebba Akerman, de 31 anos, ensinava sueco para os imigrantes da cidade, encontrou um de seus alunos no metrô e perguntou se ele estava gostando de viver no país. O homem deu de ombros, dizendo que a vida não era muito diferente da que tinha deixado para trás, no Afeganistão.

Ficou claro para ela que a maioria de seus alunos, vivendo em bairros lotados de imigrantes, praticamente não tinha contato com os suecos nativos. E decidiu mudar aquele estado de coisas, chamando a si mesma de "ministra dos jantares", usando as redes sociais na tentativa de reunir suecos e imigrantes para desfrutarem uma refeição juntos.

"Deixamos as pessoas entrar no nosso país, mas não em nossa sociedade", admitiu Ebba em plena noite de sexta, picando legumes, com duas mesas de piquenique já montadas e arrumadas no pátio do condomínio onde mora. "Até que finalmente decidi fazer alguma coisa a respeito. Decidi ser o ponto de ligação".

A princípio, muitos suecos clicaram o botão "curtir" do Facebook, mas poucos foram os que se animar a recebê-los em suas casas. Até que, depois de várias aparições na TV e artigos sobre sua iniciativa, o projeto pareceu decolar e agora cerca de 800 pessoas querem participar.

"É só um jantar. Impossível duas pessoas não terem assunto para uma conversa durante uma refeição", resume ela.

Praticamente todos os encontros são um sucesso — embora já tenha havido problemas. Como a vez que um convidado sueco chegou com um cachorro imenso na reunião, o que fez com que Becky Faith, uma camaronesa, seus dois filhos e duas jovens paquistanesas se encolhessem em um canto. Fatima Haroon, uma das mulheres presentes, explicou que cães tão grandes geralmente são usados pela polícia no país da moça.

De uns anos para cá, a Suécia, assim como muitos países europeus, viu o apoio aos partidos anti-imigração crescer, consequência da dificuldade de integração de um número recorde de estrangeiros — e muitos deles acabam morando em prédios em que há poucos, ou nenhum nativo.

Cerca de vinte por cento da população da Suécia ou nasceram no exterior, ou são descendentes diretos de imigrantes, bem diferente dos onze por cento de 2000.

Os recém-chegados são quase sempre das áreas que estão ou estiveram em conflito: Afeganistão, Bálcãs, Costa do Marfim, Somália e Síria.

Segundo as pesquisas, muitos suecos apoiam os imigrantes, mas uma minoria incipiente os culpa pela criminalidade e se preocupa com os custos decorrentes de sua adaptação; já os que chegam, por sua vez, também descarregam a frustração de serem marginalizados.

Um subúrbio de Estocolmo, em 2013, foi palco de manifestações e tumultos após relatos de violência policial.

Ebba sabe muito bem que sua iniciativa não vai solucionar os problemas do país, mas espera realizar muitos outros encontros.

"Eu ia para esses bairros para dar aulas e percebi que, apesar de distantes, eram lugares muito interessantes, um verdadeiro tesouro em Estocolmo, mas infelizmente a maioria dos suecos não vê isso", lamenta.

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