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Certa manhã em meados de fevereiro em uma praia da cidade, soldados japoneses e americanos praticaram táticas de invasão e retomada de uma ilha. Lembrete a Pequim: Esteja avisada.

Havia gritos em japonês. Gritos no inglês dos soldados. Havia acompanhamento aéreo, de helicópteros Huey e Cobra. Em seguida, os aerobarcos zuniam, jogando gotículas de água do mar para o alto antes de descarregar os Humvees e os soldados.

Autoridades do Exército americano insistiram que o exercício anual, chamado Iron Fist, não tem qualquer relação com o impasse do ano passado entre Tóquio e Pequim em relação a uma série de ilhas remotas e inabitadas no Mar da China Oriental. Entretanto o Tenente Coronel John O’Neal, comandante da 15a Unidade Expedicionária da Marinha, afirmou que a equipe japonesa chegou este ano com "um novo senso de propósito".

"Existem certos eventos atuais que acrescentaram ênfase ao exercício", afirmou.

No exército dos EUA, os comandantes estão cada vez mais alinhados com o temor japonês em relação às exibições chinesas de poderio militar. O capitão James Fanell, diretor de operações de inteligência e informações da Frota dos Estados Unidos no Pacífico, afirmou recentemente que a China estava treinando suas Forças Armadas para que fossem capazes de realizar uma guerra "rápida e intensa" com o Japão no Mar da China Oriental.

O General Ray Odierno, chefe de pessoal do Exército, visitou a China no fim de fevereiro na tentativa de melhorar o relacionamento limitado entre os Exércitos dos EUA e da China.

As ilhas em disputa, conhecidas como Senkaku em japonês e Diaoyu em chinês, são administradas há muito tempo pelo Japão, mas o território é disputado pela China e por Taiwan. No ano passado, a China criou rebuliço ao declarar que uma "zona de identificação de defesa aérea" daria o direito de possivelmente realizar ações militares contra aeronaves que se aproximassem das ilhas. O Japão se negou a reconhecer a declaração chinesa e os EUA desafiaram a China, enviando aviões militares para a zona sem aviso prévio.

Este ano, quando tropas japonesas apareceram para fazer o exercício com os membros da marinha americana em Camp Pendleton, ao invés de um pelotão de 25 soldados que enviaram para fazer o exercício em 2006, o primeiro ano em que ele foi realizado, os japoneses enviaram quase 250 homens.

A operação Iron Fist deste ano, afirmou o Tenente Coronel O’Neal, foi a maior e mais envolvente até o momento. O exercício inclui o uso de drones e os tipos de apoio aéreo que seriam necessários para proteger as tropas japonesas e americanas que estivessem retomando a ilha.

No litoral de Coronado, em janeiro, os soldados japoneses afastaram botes de reconhecimento com um helicóptero e pularam nas águas geladas como parte do que a Marinha chamou de treinamento "helo cast". O treinamento helo cast, com sua ênfase em movimentos rápidos e leves em território hostil, não é um tipo de treinamento pelo qual os soldados japoneses costumavam passar antigamente.

Para o Japão, afirmam os especialistas em defesa, a mudança para um treinamento mais extenso com a Marinha é uma reação direta a uma China mais assertiva. Christopher K. Johnson, conselheiro sênior do Centro de Estudos Estratégicos, destacou que, segundo especialistas em Ásia, os exercícios militares feitos recentemente pela China podem ser ensaios para operações de invasão em ilhas inabitadas.

"Recentemente, estudiosos chineses passaram a falar a respeito de Okinawa, embora o governo não tenha feito o mesmo".

"De uma hora para outra", afirmou Andrew Oros, professor associado de Ciências Políticas no Washington College, em Chestertown, Maryland, "não se trata mais da proteção de algumas ilhas desertas; mas de proteger um local onde vivem mais de um milhão de japoneses".

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