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A indústria japonesa do pachinko, de US $180 bilhões anuais, está construindo salões maiores e mais luxuosos. Zent Nagoya Kita em Nagoya | Ko Sasaki for The New York Times
A indústria japonesa do pachinko, de US $180 bilhões anuais, está construindo salões maiores e mais luxuosos. Zent Nagoya Kita em Nagoya| Foto: Ko Sasaki for The New York Times

Meio fliperama, meio roleta, e prometendo ganhos rápidos em dinheiro com bolinhas prateadas ricocheteando entre pinos, o jogo japonês conhecido como pachinko era uma presença indelével na paisagem do pós-guerra no país, com seus sons e luzes criando um cenário cacofônico e cheio de luzes para a vida no Japão durante os anos do boom econômico.

Todavia, nos últimos anos, uma atrás da outra as casas de pachinko têm fechado as portas, à medida que as legiões de fãs leais ficam idosas e morrem, sem falar nas ligações do setor com a máfia e – o que provavelmente mais afasta a juventude japonesa – o ar embolorado de algo que faz parte da velha geração.

Com novas casas de pachinko que são maiores, mais limpas, luxuosas e amigáveis do que nunca, o setor tenta se reinventar atraindo jovens japoneses que cresceram jogando videogames e jogos de computador, e limpando a imagem do setor.

A loja mais ambiciosa de todas foi inaugurada em abril deste ano, na grande cidade industrial de Nagoya: a Zent Nagoya Kita custou 100 milhões de dólares e é apresentada como a maior casa de pachinko do Japão, com mais de 1.200 máquinas.

Em uma tarde, um rugido ensurdecedor vinha de dentro do salão enquanto muitos homens – em sua maioria idosos ou de meia idade – fumavam cigarros e atiravam as bolinhas prateadas por entre os pinos de metal. Eles utilizavam botões para ajustar a trajetória das bolas e derrubá-las em buracos; quanto mais bolas caem nos buracos, maior é o prêmio.

As máquinas agora possuem elementos eletrônicos brilhantes feitos para chamar a atenção da geração acostumada a jogos digitais. As máquinas da Zent Nagoya Kita possuem telas que mostram imagens de filmes, animações ou clipes de estrelas adolescentes japonesas de biquíni.

Jovens cumprimentam os jogadores e distribuem prêmios. Câmeras de segurança em cada entrada usam software de reconhecimento facial para detectar a presença de gângsteres conhecidos, que são convidados a se retirar.

"A única maneira de o pachinko sobreviver é saindo das sombras e se tornando um membro respeitável da sociedade", disse Tetsuya Makino, diretor do Museu do Pachinko, perto de Tóquio.

O pachinko começou a fazer sucesso após a derrota do Japão na Segunda Guerra, utilizando rolimãs vindas de fábricas de armamentos destruídas. A maioria dos operadores eram coreanos que haviam imigrado após a colonização japonesa em seu país no início do século XX. A imagem do jogo também sofreu com o fato de que alguns donos de casas enviavam dinheiro para suas famílias na atual Coreia do Norte.

O jogo também foi vinculado à Yakuza, grupo do crime organizado do Japão. Os clientes recebiam prêmios como pacotes de cigarro ou moedas de ouro, que podiam ser trocados por dinheiro, mas os donos dos salões eram proibidos de oferecer prêmios em dinheiro. Isso ficou a cargo do crime organizado.

Apesar dos problemas de imagem, o pachinko continua a ser um grande negócio, movimentando US$ 180 bilhões no ano passado. As 12.000 salas de pachinko no Japão estão por todo lugar, encontradas na frente da maioria das estações de trem e até mesmo nas aldeias mais remotas. Mas o número de pessoas que relatam ter jogado pelo menos uma vez caiu para apenas 10 milhões em 2013, após um pico de 30 milhões no início dos anos 90, de acordo com uma pesquisa de mercado. Para combater o declínio, Yoshio Tsuzuki, Presidente da Zent Company, dona da Zent Nagoya Kita, disse que a indústria deve fazer mais para atrair as mulheres.

O Zent Nagoya Kita possui um salão só para mulheres e banheiros luxuosos com espelhos altos, papel de parede de designer e lustres grandiosos. Além da sala de jogo, há um shopping em miniatura, com uma loja de conveniência, restaurante de massas, café, lavanderia, floricultura, creche, adega e até uma pequena galeria de arte.

Em uma noite recente, apenas algumas jovens podiam ser vistas lá. Uma delas, Rina Motoi, de 26 anos, disse que mesmo se sentindo à vontade no salão, o pachinko ainda parecia sombrio.

"O pachinko ainda tem a mesma imagem ruim e velha, como corridas de cavalos", disse ela, acrescentando que a maioria dos seus amigos preferiu ficar em casa jogando pela internet.

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