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Miriam Berger estudou árabe na Universidade Wesleyan, em Connecticut, morou na Jordânia duas vezes enquanto estudante, fez a pesquisa para a tese de conclusão de curso na Cisjordânia e, depois da formatura, trabalhou no Cairo. E a exemplo de muitos norte-americanos que conheceu nesse percurso, ela é judia.

"Eu não vejo nenhuma contradição", disse Berger, 23 anos, que cresceu nos arredores da Filadélfia, onde frequentou um externato judaico. "Cresci ouvindo muitas coisas sobre o Oriente Médio, que era um lugar perigoso que não podemos compreender, mas à medida que eu aprendia mais, todo dia eu tinha a impressão de que os conceitos antigos eram questionados, e eu queria contribuir para uma compreensão melhor."

Nos Estados Unidos, faculdades e universidades vivem há duas décadas um aumento nos estudos sobre o Oriente Médio, refletindo sua influência contínua sobre a segurança e a economia norte-americanas. E embora não existam dados demográficos definitivos, estudantes e professores dizem que nas salas de aula, nos cursos de graduação no exterior e nos programas de bolsas de estudo de pós-graduação no Oriente Médio e em árabe, não é incomum que pelo menos um quarto dos alunos sejam judeus.

Esses estudantes dizem que seu interesse cresceu por causa de sua origem, e não apesar dela. Eles sentem o desejo, e até mesmo o dever, de compreender a região onde Israel e os EUA estão enredados em conflitos duradouros, e de agir como pontes entre culturas, explicando o mundo árabe para os norte-americanos, e os Estados Unidos (e às vezes os judeus) para os árabes.

"Eu senti que precisava ver os palestinos como seres humanos completos, solidários", disse Moriel Rothman, 24 anos, que nasceu em Israel, cresceu em Ohio e estudou árabe no Middlebury College, em Vermont. Ele agora vive em Israel e trabalha para um grupo, Just Vision, que produz documentários sobre o conflito e a cooperação entre palestinos e israelenses.

Norte-americanos escolhem estudos do Oriente Médio por diversos motivos: porque as famílias vêm daquela região, porque consideram uma decisão astuta para a futura carreira profissional ou porque desejam um trabalho no setor de segurança nacional. Porém, com muita frequência professores e estudantes afirmam que o interesse vem da preocupação com a política da região.

Durante décadas, políticos norte-americanos lamentaram o baixo número de pessoas nos EUA que estudavam o Oriente Médio. O árabe é um desafio para os alunos ocidentais; geralmente, eles precisam aprender não apenas o árabe moderno padrão, compreendido do Iraque ao Marrocos, mas também uma das variantes locais faladas no dia a dia.

Contudo, na geração passada, com as guerras chamando a atenção dos norte-americanos para o Oriente Médio, o interesse decolou. Em 1990, menos de 3.600 estudantes aprendiam árabe nas faculdades norte-americanas, segundo pesquisa da Associação de Línguas Modernas. Em 2002, eles somavam 10.600 – ainda somente a metade dos que aprendiam grego antigo. Em 2009, o número passava de 35 mil.

Para os alunos que estudam ou moram no Oriente Médio, um assunto comum é o conflito entre seu idealismo e a dura realidade encontrada por eles.

Berger, cuja bolsa no Cairo terminou em meio aos tumultos de julho, disse que seu interesse não foi reduzido.

"Eu ainda voltarei", ela declarou. "O Oriente Médio é a minha paixão."

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