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Jana Grulichová e Nick Pankuch na cidade de Nova York, em maio | Julieta Cervantes para The New York Times
Jana Grulichová e Nick Pankuch na cidade de Nova York, em maio| Foto: Julieta Cervantes para The New York Times
  • Frankie Manning e Lucille Middleton em 1938

Jana Grulichová veio de Barcelona, na Espanha. Alevtina Kapusta veio de Kiev, a capital ucraniana. Veno Hirosuke, que neste contexto prefere ser chamada de Amore, veio de Tóquio.

O contexto é o Lindy Hop, uma dança com raízes nos bailes e clubes do Harlem na época da Grande Depressão americana, mas que nos últimos anos sofreu uma espécie de ressurgimento global.

No final de maio, mais de 2.000 praticantes de 47 países chegaram à cidade onde a dança foi criada, para 5 dias de celebração em homenagem a um de seus primeiros criadores, Frankie Manning.

"A dança possui uma universalidade", declarou Cynthia R. Millman, coautora de uma biografia de Manning, que é reverenciado por criar um passo que desafia a gravidade. "É por isso que ela foi um fenômeno naquela época e continua sendo um fenômeno hoje".

Embora dançarinos em locais como Califórnia e Inglaterra tenham desempenhado papéis importantes no renascimento do Lindy Hop, historiadores da dança dizem que os suecos foram essenciais.

"Fomos basicamente os primeiros a enxergar a dança com seriedade depois das décadas de 1930 e 1940", afirmou Catrine Ljunggren, dançarina e instrutora de swing nascida na Suécia.

Donna Skiff, diretora do National Museum of Dance em Saratoga Springs, em Nova York, afirmou: "É uma dança divertida, e você não precisa ter treinamento em balé para praticá-la. Isso significa que pessoas sem toda aquela técnica e de todas as faixas etárias podem participar da dança. Estou surpresa por termos tido tantos jovens em apresentações aqui. Eles são praticamente adolescentes e se vestem de acordo. Ficam parecidos com aquela época".

Ljunggren, que hoje mora em Nova York, contou ter aprendido o Lindy Hop na Suécia em 1979, quando outro dançarino ficou intrigado por uma sequência no filme "A Day at the Races", dos irmãos Marx.

"Ele veio correndo até nós e disse: ‘Acabo de ver o que precisamos fazer’", recordou ela. "Não sabíamos o que era aquela dança".

Era o Lindy Hop. Eles a aprenderam assistindo ao filme e procurando dançarinos em Nova York que fossem velhos o bastante para se lembrar de seu apogeu, incluindo Manning. Manning, uma lenda entre os Lindy Hoppers, morreu em 2009, aos 94 anos. Ele dançou do Harlem a Hollywood quando jovem, aparecendo na comédia "Hellzapoppin", de 1941, numa sequência de maratona. Ele encontrou um lugar na Broadway quando já passava dos 70 anos, dividindo um Tony Award de melhor coreografia no musical "Black and Blue", de 1989. Em 1935, conquistou um lugar na história do Lindy Hop quando executou seu primeiro passo aéreo. Isso envolveu jogar a parceira, Frieda Washington, por cima de sua cabeça durante uma competição no Savoy Ballroom.

Ljunggren recordou a primeira viagem de Manning à Suécia, em 1987, para trabalhar com o grupo de dança do qual ela fazia parte, o Rhythm Hot Shots.

"Naquela ocasião, como poderíamos adivinhar que isso se espalharia pelo mundo todo?", perguntou ela.

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