• Carregando...

Os humildes livros de papelão, com suas páginas grossas, cantos arredondados e conceitos simples para bebês eram projetados tanto para morder quanto para ler. Porém, os bebês e criancinhas de hoje ganham livros de papelão que são versões em miniatura de obras de arte literária: clássicos como "Romeu e Julieta", "Razão e Sensibilidade" e "Os Miseráveis"; produzidos luxuosamente com elementos gráficos complexos; e até mesmo um livro de "Arte para Bebês", com imagens de artistas contemporâneos como Damien Hirst e Paul Morrison.

Os livreiros afirmam que os pais correm para comprar esses livros, mesmo que a ideia de que uma criança de dois anos compreenda "Moby-Dick" pareça absurda. O bebê pode até não acompanhar o roteiro, mas é capaz de aprender sobre arpões, navios e ondas com citações do livro, ("As ondas iam e vinham como pergaminhos de prata").

Os editores desses livros atendem aos pais que seguem os conselhos de especialistas no desenvolvimento infantil, segundo os quais deve-se ler desde cedo e com frequência com os filhos, pois as crianças podem exibir preferências estéticas mesmo quando ainda engatinham e comem papinha.

"Se vamos tocar música clássica para nossos bebês ainda no útero e ensiná-los a falar línguas estrangeiras desde pequenos, então também devemos apresentá-los às artes plásticas e à literatura", afirmou Linda Bubon, dona e compradora de livros infantis na Women & Children First, uma livraria em Chicago.

Suzanne Gibbs Taylor, editora associada e diretora criativa da Gibbs Smith, a pequena editora de Salt Lake City, Utah, que criou a popular série de livros BabyLit, afirmou que percebeu que ninguém havia "pegado Jane Austen e feito um livro para bebês".

Embora os livros da BabyLit não tentem apresentar narrativas complicadas para "O Morro dos Ventos Uivantes" ou "Romeu e Julieta", eles usam as histórias como ponto de partida para explicar os números, as cores e os antônimos. A famosa série "Cozy Classics" de livros de papelão, criada em 2012 pela Simply Read Books, de Vancouver, adapta histórias como "Moby-Dick" e "Os Miseráveis" para crianças pequenas, usando imagens de bonecos de feltro do Capitão Ahab e de Jean Valjean.

"As pessoas estão percebendo que não existe idade mínima para que se tenha contato com coisas um pouco mais significativas", afirmou Taylor, cuja série BabyLit já vendeu cerca de 300 mil livros. Cindy Hudson, autora de manuais e mãe de duas crianças em Portland, Oregon, gerente de um site que sugere livros para que os pais leiam com os filhos, afirmou que duvida que os bebês se "beneficiem intelectualmente" do contato com Tolstói ou com as irmãs Brontë. Ainda assim, "qualquer coisa que encoraje a interação entre os bebês e os pais é uma boa ideia", afirmou. "É aí que o aprendizado e as relações se iniciam".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]