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A agilidade é considerada essencial no combate às ameaças de guerra na Europa Oriental. Uma unidade treina na Lituânia | Maciek Nabrdalik para The New York Times
A agilidade é considerada essencial no combate às ameaças de guerra na Europa Oriental. Uma unidade treina na Lituânia| Foto: Maciek Nabrdalik para The New York Times

O major Linas Pakutka caminhava por trás dos soldados deitados no campo coberto de neve, os pinheiros distantes formando um horizonte irregular à luz do pôr-do-sol. Sob a ventania, mal se ouviu seu comando para atirar. Os fuzis alemães G36 ganharam vida, fazendo buracos invisíveis em uma fileira de alvos quase perdida na distância.

"Se acontecer alguma coisa amanhã, estamos preparados", afirmou o major Ernest Gaigalas, observando a cena.

O major Pakutka lidera as duas unidades principais da novíssima força de reação rápida da Lituânia, a primeira dessa natureza, ao longo do flanco oriental da OTAN, com o objetivo de combater o conflito insurgente híbrido que caracteriza a disputa no leste da Ucrânia.

"Uma coisa é certa: temos que estar a postos; nossos vizinhos são os mesmos da Ucrânia", disse o brigadeiro Vilmantas Tamosaitis, que comanda o grupo a partir do

Ministério da Defesa, situado na capital, Vilnius.

Com uma população de cerca de três milhões de habitantes e um Exército de oito mil integrantes, é pouco provável que a Lituânia resista muito tempo a uma queda de braço com a Rússia, mas o conflito na Ucrânia, que também é uma ex-república soviética, chamou a atenção dessa nação báltica.

Na cúpula da OTAN, realizada em setembro no País de Gales, os líderes da aliança, sob a pressão da Lituânia, da Polônia e outros países adjacentes para assumir uma posição mais agressiva contra a ação russa na Ucrânia, optaram por criar um Grupo Avançado

Especial, do qual fazem parte diversos países membros da organização.

A primeira unidade experimental, considerada "provisória", formada de três a quatro mil soldados alemães, holandeses e noruegueses, estará pronta para entrar em ação em 2015, mas a força permanente só estará pronta em 2016.

A Lituânia, porém, decidiu que não poderia esperar, já que o conflito continua a toda no leste da Ucrânia, com os líderes ocidentais acusando – e Moscou negando – a presença de tropas para treinamento, armamento e combate ao lado dos insurgentes locais. Para piorar, a Rússia assume ares de provocação ao usar voos militares e operações navais em pleno Mar Báltico.

"Os russos estão testando os limites para saber até onde podem ir", afirmou o Ministro da Defesa lituano, Juozas Olekas.

O principal conceito dessas forças de reação rápida é o uso da velocidade como força de combate às ameaças de conflito. Com a realização de repetidos exercícios militares extravagantes por parte da Rússia nas regiões de fronteira, como na Ucrânia, elas podem se posicionar na área em pouco tempo, estabelecer sua presença e até forçar uma possível retirada antes que as tropas convencionais possam reagir.

"Na verdade, a Lituânia não tem ilusões de que sua força especial, composta de 2.500 homens, possa, nem de longe, conter uma incursão russa de grande escala, mas se Moscou montar uma operação pequena, híbrida, ela pode se adiantar na fase inicial, de autodefesa, e ganhar tempo até a chegada da OTAN", explica o general Tamosaitis.

A Lituânia ocupa uma posição única no Báltico, pois sua fronteira com a Rússia não fica ao leste, em direção ao interior do gigantesco vizinho, mas a oeste, para o lado de Kaliningrado, espremido também pela Polônia. Com aviso de antecedência, o Exército russo em treinamento tem permissão para atravessar o espaço lituano rumo ao pequenino enclave, criando mais uma avenida através da qual suas forças podem penetrar no país.

Enquanto isso, os exercícios conjuntos de treinamento continuam. "Temos que estar preparados para o pior. Se algo acontecer, estaremos a postos", conclui o major Gaigalas.

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