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Uma moeda de 2 euros comemorativa do 200° aniversário da Batalha de Waterloo provoca protesto da França | Maroesjka Lavigne /The New York Times
Uma moeda de 2 euros comemorativa do 200° aniversário da Batalha de Waterloo provoca protesto da França| Foto: Maroesjka Lavigne /The New York Times

Durante o verão de 2008, essa quantidade de moedas brilhantes valeria US$ 1.360. Hoje são pouco menos de US$ 950, um sintoma da incapacidade da Europa de navegar pela crise financeira.

Mas no Tesouro belga havia uma preocupação mais imediata durante uma reunião recente: a Batalha de Waterloo.

Como os membros da zona do euro são autorizados a produzir um número limitado de moedas comemorativas, os belgas recentemente cunharam uma de 2 euros em homenagem aos 200 anos da batalha militar, que pôs fim ao império de Napoleão na França.

Mas então os franceses protestaram junto às autoridades da União Europeia, afirmando que o desenho da moeda, que mostra um leão debruçado sobre um mapa, “parece prejudicial, em um contexto em que os governos da zona do euro tentam reforçar a unidade e a cooperação em toda a união monetária”.

No imbróglio que se seguiu, o lado de Napoleão prevaleceu. Os belgas ficaram com 180 mil moedas novas de 2 euros que tiveram de ser destruídas.

Quando um repórter começou a rir diante da ideia de nações europeias lutarem novamente por causa de Waterloo, foi advertido discretamente. “Você pode rir sobre isso”, disse o diretor-assistente do Tesouro Real, Andre A. Toujour. “Nós não.”

O valor do euro é tanto psicológico quanto financeiro. Este ano, a moeda vem flertando com a paridade com o dólar. Desde que foi adotada, em 1999, esteve em paridade com o dólar apenas em duas oportunidades.

No ano passado, o Tesouro belga produziu mais de 42 milhões de moedas europeias, com um valor nominal de 12,9 milhões de euros.

Isso valia cerca de US$ 15,6 milhões no final do ano passado e US$ 14,4 milhões mais recentemente. Em abril de 2008, valeria US$ 20,6 milhões.

“Esse é um sinal de que a economia da zona do euro está mais fraca que a dos Estados Unidos”, disse Zsolt Darvas, professor convidado na Bruegel, uma organização de pesquisa de Bruxelas.

Neste momento, outro tipo do de euro está se valorizando —a hoje extremamente rara moeda belga em homenagem a Waterloo.

No Tesouro real, as girafas sugam aparas de metal disformes de bandejas e as depositam em máquinas cinza onde são prensadas. Esse é o sonho europeu de unidade, talvez em sua forma mais tangível, embora incerta.

“É um alicerce”, disse Bernard Gillard, que dirige o Tesouro Real. “Um alicerce para os países europeus”, ecoou Toujour.

Gillard vai apanhar uma moeda em um cofre. Ele deixa um cartão de visitas sobre os milhões de moedas que são produzidas aqui —a pequena imagem de um gato, porque Gillard é um cuidador e tem sete deles em casa.

Ele volta com uma moeda em homenagem à batalha de Waterloo que sobreviveu à destruição, embalada em uma capa protetora, e a coloca sobre a mesa em seu escritório. “É um lindo desenho”, disse o diretor.

Toujour explica: “Ficamos surpresos, porque tínhamos grande parte da produção pronta, e agora é um desperdício de tempo, de dinheiro e de tudo por causa do governo francês.”

O governo francês não quis comentar sobre o caso das moedas belgas em lembrança à batalha de Waterloo.

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