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A Netflix fez sua estreia em seis países europeus no mês passado, e a expansão internacional da gigante de streaming on-line vem gerando uma mistura de expectativa e ansiedade.

As manchetes francesas alertam para um "Tsunami Netflix" que poderia desafiar as habituais ofertas de programas americanos dublados e também os nacionais. As TVs à cabo alemãs reduziram o preço de suas assinaturas mensais. A maior operadora de cabo da Suíça baixou seus preços e está apressando a produção de uma série de comédia sobre um casal que se aproxima da aposentadoria.

As apostas são altas. O mercado unificado e a grande utilização da internet na Europa criaram um território propício para empresas americanas de tecnologia, como Netflix, Amazon e Google. Mas com a ampliação de seu alcance, elas estão sendo atacadas por políticos europeus e a concorrência em questões como impostos e mercado.

A resistência mais feroz à empresa sediada na Califórnia está na França. A associação de produtores de cinema local diz que ela adota uma política de "dumping fiscal" estabelecendo sua base europeia em Amesterdã e evitando impostos que canais de televisão nacionais e serviços de streaming pagam para subsidiar filmes franceses.

A Netflix vem ampliando gradualmente seu alcance no Canadá, na América Latina, na Grã-Bretanha e nos países escandinavos, e agora está disponível em mais de 40 nações. Analistas preveem que a Netflix poderia conseguir entre 4 e 6 milhões de usuários nos países onde estreou recentemente: França, Alemanha, Suíça, Áustria, Bélgica e Luxemburgo. As novas assinaturas custarão oito euros, ou cerca de US$10,30 por mês. Para expandir a nova audiência, a Netflix buscará desenvolver séries de drama, comédia e documentários que possam ir além de fronteiras, de línguas e de interesses.

Na Grã-Bretanha é "The Crown", uma série sobre o reinado da Rainha Elizabeth, com ênfase em maquinações políticas. No México, financia uma série de comédia em espanhol sobre uma família de herdeiros de um clube de futebol.

A Netflix está financiando também o equivalente mediterrâneo à sua série original "House of Cards", o aclamado drama político que se passa em Washington. De acordo com seus criadores, "Marseille", série em francês de oito episódios sobre poder e corrupção, será filmado na cidade portuária retratando políticos, barões das drogas e outros personagens na disputa pelo poder. "É uma história meio shakespeariana, e acho que também pode ser universal", disse Pascal Breton, o produtor.

Produtores de animação franceses também estão contando com a Netflix. "O modelo de negócios de animação só é possível se você for capaz de transmitir para muitos países, porque é uma produção bem cara", disse Olivier Comte, chefe da Ankama, que negociou um acordo com a Netflix para transmitir a sua série "Wakfu".

Mas alguns produtores estão preocupados com a tradição de filmes de arte do país que poderia sofrer em um mercado competitivo, geralmente direcionado para o gosto das massas. A Associação dos Produtores de Cinema da França contatou executivos da Netflix para sugerir debates, mas não obtiveram retorno, segundo Frédéric Goldsmith, chefe da Associação, que disse que membros ficaram chocados com a quantia oferecida pela Netflix pelos direitos de alguns filmes franceses — algo como 1.500 euros.

O principal rival da Netflix, o Canal +, está lutando para manter anúncios televisivos em seu canal de streaming. Manuel Alduy, chefe da divisão que inclui o serviço de streaming da empresa, argumenta que o catálogo da Netflix "realmente não é adequado ao gosto local". Ele classificou a série "Marseille" como um "truque de comunicação" da Netflix.

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